Morre Gabriel Luciano. Não será em vão!



Morre Gabriel Luciano. Não será em vão!

Logo após o fechamento do Chave Geral 923, edição da última semana, recebemos com assombro a notícia da morte do eletricitário Gabriel Luciano. No último jornal tratamos sobre a pauta de saúde e segurança, relembrando a greve de 2013 e a morte do querido companheiro Carlão, vítima de choque elétrico.

No último dia 29, durante rodeio dos eletricistas da Cemig, evento criado para estimular a competitividade e a eficiência operacional (fazer mais com menos), nos manifestamos de forma lúdica, advertindo os trabalhadores em relação à segurança durante os procedimentos de trabalho. Ao longo da história do Sindieletro, sempre tratamos o tema com a premência e a profundidade necessária. Nesse momento não será diferente.

Gabriel Luciano tinha 27 anos e foi eletrocutado enquanto trabalhava em manutenção na subestação Pai Joaquim, na cidade de Santa Juliana, no Triângulo Mineiro. A morte ocorreu em meio a uma série de acidentes registrados nos últimos meses.

O acidente aconteceu na última segunda-feira (3), quando o eletricitário executava um serviço programado na subestação da Cemig. O funcionário sofreu um choque elétrico de 13.800 volts. Ele foi socorrido pela própria equipe, mas morreu a caminho do hospital de Uberaba. Gabriel trabalhava na Cemig há quatro anos, em Araxá. Foi transferido para trabalhar no PMO, em Uberaba, há dez meses.

Revisão das práticas de segurança é urgente

O presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi, manifestou seu pesar em vídeo divulgado pela empresa. Nosso coordenador-geral, Emerson Andrada, respondeu: “Dizer que lamenta muito e que está triste ao mesmo tempo em que sua gestão é responsável pelo maior número de acidentes dos últimos 20 anos, responsável pelo maior número de acidentes com linha viva da história da Cemig, é, no mínimo, um deboche com a categoria”.

“Se você quer ser solidário, primeiro comece a cuidar da categoria”, continuou. “Determine a revisão das práticas de segurança. Mudar essa realidade exige acabar com a ocultação de acidentes do trabalho, acabar com o revanchismo de gestão”.

Com a redução do número de trabalhadores do quadro próprio, as equipes ficaram subdimensionadas, e a tratativa que a gestão da empresa tem dado é um processo de mobilidade interna, esvaziando a atividade de uma equipe para atender outra equipe. O Sindieletro já recebeu várias denúncias deste teor.

Com o subdimensionamento das equipes, os trabalhadores não são submetidos a um tempo maior de experiência em atividades menos complexas para executar, posteriormente, as atividades mais complexas. Eles assumem as atividades já no início de suas jornadas nas equipes.

Nosso coordenador-geral já exerceu a mesma função de Gabriel Luciano dentro da Cemig. Ele lembra que o período de adaptação era maior. “Antigamente as pessoas demoravam muito tempo para serem autorizadas a exercer trabalho em pórticos. Demorei quase três anos para ser autorizado, enquanto o Gabriel, com dez meses, já fazia o mesmo tipo de serviço”, explica. Aparentemente, há uma tentativa de acelerar os procedimentos de aprendizado de forma que não é saudável. “Na prática, algumas etapas são puladas no que diz respeito à segurança”, acrescenta.

Para tratar sobre o assunto da saúde e segurança, o Sindieletro chamou assembleia única com a categoria na última sexta-feira (7). Da reunião, foi marcada a greve desta quinta-feira (13): chega de acidentes! Saúde e segurança é pauta urgente! Confira mais informações sobre o dia de greve nesta edição do Chave Geral.

Para apurar o que houve no acidente fatal com Luciano, foi formada uma Comissão de Análise de Acidente, da qual o Sindieletro faz parte. Estamos acompanhando de perto. Enquanto isso, temos um encontro marcado na greve desta quinta-feira, em memória do nosso companheiro que se foi tão cedo e por nossos direitos na Cemig – sobretudo o de voltar em segurança para nossas famílias depois de um dia de trabalho.

 

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