O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), disse, na terça-feira (29), que vai pôr em prática "o que puder fazer" para evitar que a privatização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) aconteça sem consulta popular.
Durante audiência na Câmara dos Deputados, Silveira criticou a privatização de empresas do setor elétrico e fez menção negativa à ideia do governador Romeu Zema (Novo) de aprovar, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para extinguir a obrigatoriedade de referendos para concluir a desestatização de empresas como a Cemig e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
"O que eu puder fazer para que o governador de Minas Gerais não tire o direito da povo mineiro de respeitar algo colocado na Constituição Mineira pelo então presidente da República (governador, na verdade) Itamar Franco, que deu ao povo mineiro a prerrogativa de ser ouvido em referendo sobre a privatização da Cemig, vou fazer", afirmou o ministro.
Em uma entrevista coletiva em Brasília, Alexandre Silveira, classificou como "crime contra a democracia" a possibilidade de que a exigência do referendo seja retirada por meio de uma proposta do governador Romeu Zema.
"Eu me posicionei claramente contra aquilo que seria um crime contra a democracia no estado - que é o berço dos valores democráticos do país, que é Minas Gerais. Foi aprovado e é uma exigência da lei que haja um referendo, que toda a população mineira seja ouvida em uma possível privatização da Cemig. Se isso for quebrado pelo governo, será um grande dano ao povo mineiro. Mais do que isso, uma afronta à democracia brasileira. Mas, em tempos em que as afrontas e ou arroubos contra a democracia infelizmente se tornaram comuns, não é de se espantar que o governador de Minas tenha a ousadia de querer tirar do povo mineiro o direito de opinar sobre esse grande patrimônio de Minas Gerais", disse o ministro ao comentar que acredita que a PEC não passará pela Assembleia Legislativa.
Segundo Silveira, a privatização de empresas elétricas "fez muito mal ao Brasil". "Não acho correto um setor tão sensível e tão importante ficar completamente à mercê do setor privado, em especial no modelo de corporation que formou a Eletrobras", completou, em debate promovido pelas Comissões de Minas e Energia e de Fiscalização Financeira da Câmara.
O ministro é um dos críticos do modelo de corporation, que baseou a transação da Eletrobras. A despeito de a União ter mais de 40% das ações da companhia, o sistema limita a participação do governo a 10% do conselho decisório da empresa.
"O povo brasileiro é dono de 43,64% das ações. Não tem de saber o que está acontecendo? Só tem de saber o resultado. Na minha opinião, está errado. Em minha visão, precisamos 'eletrobrasileirar' a Eletrobras", criticou o pessedista.
Fonte: Rádio Itatiaia, por Edilene Lopes e Guilherme Peixoto
Foto: Agência Brasil