No primeiro turno, eleitores foram às urnas para escolher deputados federais, estaduais, governador, senador e presidente da República. Sobre a diversidade e o protagonismo, o Brasil elegeu um número recorde de mulheres e de pessoas negras para a Câmara dos Deputados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mulheres mineiras na política
O estado terá o maior número de deputadas estaduais eleitas da história. Serão 15 mulheres na bancada, aumento de 67% em relação a 2018. Beatriz Cerqueira (PT), obteve a segunda maior votação e se reelegeu com 248.664 votos.
Também compõem a bancada Lohanna (PV), Lud Falcão (Pode), Macaé Evaristo (PT), Nayara Rocha (PP), Bella Gonçalves (PSOL), Maria Clara Marra (DC), Alê Portela (PL), Chiara Biondini (PP) e Marli Ribeiro (PSC). Junto às as reeleitas, além de Beatriz, estão Leninha (PT), Ione Pinheiro (União), Delegada Sheila (PL), Andréia de Jesus (PT) e Ana Paula Siqueira (Rede).
Já entre os deputados federais, dos 513 eleitos em todo país, 91 são mulheres. Minas elegeu uma mulher trans, Duda Salabert (PDT) e uma mulher indígena, Célia Xakriabá (PSOL).
Nesse cargo, compõe também a bancada feminina de Minas: Greyce Elias (Avante), Dandara Tonantzin (PT), Ana Paula Junqueira Leão (PP), Ana Pimentel (PT), Nely Aquino (Pode), Delegada Ione Barbosa (Avante).
Segundo a deputada federal eleita Dandara Tonantzin (PT), a quantidade de mulheres e negros eleitos é resultado de lutas coletivas e de muita resistência. Ela ressalta a importância do financiamento obrigatório para mulheres.
“Sem dúvida, o financiamento obrigatório e a proporção de mulheres obrigatória nas chapas foram fundamentais para que mais mulheres fossem eleitas. Essas eleições mostraram que, quando mulheres têm investimento, é possível chegar lá”, comenta a deputada.
Aumentou, mas ainda é pouco
Apesar do aumento, a mudança ainda representa uma renovação baixa do quadro de deputados. Por exemplo, 15 mulheres foram eleitas em Minas, para um total de 77 cargos. Nas cadeiras para o Congresso, o número de mulheres eleitas representa apenas 17,7%. Além disso, os candidatos mineiros eleitos para governador e senador são homens brancos.
A representatividade é ainda menor quando é cruzado o dado racial ao de gênero. De acordo com a deputada estadual Macaé Evaristo (PT), as mulheres negras no Brasil representam cerca de 27% da população, sendo o maior grupo demográfico. Todavia, esse número está longe de ser devidamente representado nas casas legislativas e nos espaços de decisão.
Além disso, não são todas as mulheres eleitas que levam para seus mandatos questões que viabilizem a equidade de gênero. Tampouco todos os negros eleitos fazem debates pró-igualdade racial.
“Não basta ser negro, tem que ter consciência racial. Da mesma forma, não é só ser mulher, queremos mulheres feministas, pessoas que possam de fato contribuir com o combate às opressões”, comenta Dandara.
Negras, negros e indígenas eleitos
Na eleição deste ano, 16 candidatos em Minas se autodeclararam pardos e cinco se autodeclararam negros, totalizando 21 deputados, ou 27% do total de cadeiras na Assembleia Legislativa.
Segundo Macaé Evaristo, é importante eleger mulheres negras para que os espaços de decisão possam efetivamente incorporar suas pautas. “No Brasil, temos uma cultura política patrimonialista, machista e racista. Portanto, durante a maior a parte da República brasileira, pessoas negras, e indígenas não tiveram voz”, diz.
Dandara reafirma a ideia e ressalta que a representatividade provoca mudanças nítidas na política brasileira e na sociedade. “Na medida em que a gente tem na política mais representantes com a cara do povo brasileiro, a política também muda”, afirma.
Fonte: Brasil de Fato MG, por Maria Araújo