Estado tem 174 investigações sobre irregularidades, atrás apenas do Pará
Minas Gerais é o Estado com o segundo maior número de investigações de trabalho escravo no país. É o que aponta um levantamento divulgado ontem pelo Ministério Público Federal (MPF), no dia em que se completaram dez anos da Chacina de Unaí, em que três auditores fiscais do trabalho e um motorista do Ministério do Trabalho foram mortos durante inspeções em fazendas da região Noroeste do Estado. Dos nove acusados pelo crime, apenas três foram condenados.
Segundo o relatório, há 174 apurações em andamento em Minas sobre denúncias de trabalhadores mantidos em condições análogas à escravidão. O Estado só perde para o Pará, com 295 casos, e está à frente do Mato Grosso (135) e de São Paulo (125). São funcionários obrigados a viver em situações degradantes e que são privados da liberdade de locomoção, devido a dívidas contraídas com o empregador. Em todo o país, são 1.480 investigações em curso. O número, porém, ainda é bem inferior à estimativa de brasileiros vivendo nessas condições, segundo o Índice de Escravidão Global, divulgado no final de 2013, pela Fundação Walk Free – seriam entre 170 mil e 217 mil pessoas.
Alvos
O estudo do MPF aponta ainda que os setores com mais registros de casos de trabalho degradante variam de acordo com a região do país. Enquanto no Pará os trabalhadores explorados atuam, principalmente, na pecuária e no desmatamento de áreas, em Minas Gerais, por exemplo, o problema se concentra na produção de grãos.
Detalhes
Pena. De acordo com o Código Penal Brasileiro, a pena para o empregador que mantém um trabalhador em condição análoga à escravidão é de dois a oito ano de prisão, além de multa. A pena pode ser maior se a mão de obra for uma criança – o tempo aumenta em 50%.
Relembre. Na Chacina de Unaí, as investigações apontaram que os irmãos Antério e Norberto Mânica encomendaram a morte do auditor Nelson José da Silva (alvo inicial) para não pagar uma multa de cerca de R$ 2 milhões.
Números
579 é o total de empregadores na “lista suja” do governo
47 deles estão em Minas (8%) – quarto Estado no ranking