Trabalhadoras e trabalhadores do Hospital Júlia Kubitschek, na região do Barreiro, fizeram uma paralisação na segunda-feira (27) das 8 horas às 14 horas. Servidoras e servidores reivindicam melhores condições de trabalho e denunciam a falta de equipamentos de proteção individuais (EPI) para atuar no combate ao coronavírus.
A preocupação é grande, pois, segundo os profissionais da enfermagem, um médico que trabalha na unidade teve o teste do coronavírus com resultado positivo. A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que o médico que testou positivo foi afastado de suas atividades seguindo as orientações da Gerência de Saúde e Segurança do Trabalhador.
Servidoras e servidores planejam outro protesto nesta semana para reivindicar gratificação dada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema. O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde do Estado de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG) informou ainda que a escala mínima de 30% está sendo mantida. O centro de saúde tem cerca de 1,9 mil trabalhadores.
Zema publicou decreto no último dia 10 para dar a bonificação para os médicos da Fhemig. Enfermeiros, técnicos de enfermagem, motoristas, auxiliares de serviços gerais, entre outros profissionais que lidam diariamente com a pandemia da Covid-19, no foram beneficiados. Outra reivindicação da classe é a disponibilização de equipamentos de segurança para todos os profissionais que trabalham no combate ao novo coronavírus.
Os servidores da saúde querem ainda que sejam realizados mais testes da Covid-19 nos trabalhadores. Além disso, eles consideram que o Governo de Minas não está sendo completamente transparente com relação aos resultados dos exames.
Outra questão levantada pelos profissionais foi a falta de representação no comitê criado pelo Governo Estadual para combater a Covid-19 e a extensão para todos da gratificação de emergência dada pelo estado aos médicos.
As paralisações não devem parar nesta segunda-feira. Nesta terça-feira (28), está marcada uma assembleia com os trabalhadores do hospital Raul Soares. O problema é que a unidade de saúde está recebendo os pacientes do hospital Galba Veloso, que será reservado aos pacientes com Covid-19.
O que diz a Fhemig?
A Fhemig informou que o abono dado aos médicos é uma espécie de equiparação dos salários com a iniciativa privada. O governo tomou essa medida porque está difícil contratar o citado tipo de profissional. A fundação afirma ainda que não houve desabastecimento de EPIs.
Protesto em Juiz de Fora
Servidoras e servidores do Hospital Regional João Penido, da rede Fhemig em Juiz de Fora, fizeram um protesto na manhã de sexta-feira (24). O desrespeito do governador Romeu Zema com os profissionais da saúde durante o enfrentamento do novo coronavírus têm deixado a categoria indignada em meio a tanta sobrecarga de trabalho.
Sem Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) suficientes e diversas denúncias de descaso com as condições de trabalho, os trabalhadores ainda foram deixados de fora de uma gratificação estadual que o governo Zema criou destinada apenas aos médicos. Com uma estrutura multidisciplinar, a decisão privilegiada do governo causou uma onda de revolta em todo o Estado. O HRJP foi o primeiro a parar durante um período do dia como protesto, outras paralisações devem acontecer nas unidades da Fhemig. O Hospital Julia Kubistchek já tem paralisação agendada para a próxima segunda-feira.
A pauta que está sendo discutida em assembleias locais são: a extensão da gratificação emergencial da pandemia para todos os trabalhadores estaduais da saúde; o retorno dos leitos psiquiátricos do Hospital Galba Velloso e a reabertura do HGV-Ortopédico; afastamento imediato dos trabalhadores do grupo de risco, sem perdas salariais; fornecimento de EPIs para todos os profissionais da saúde; representação dos trabalhadores no Comitê do Plano de Prevenção e Contingenciamento à COVID-19. No Hospital João Penido, a assembleia que aprovou a paralisação foi realizada na última segunda-feira (20).
A diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) Lenir Romani afirma que a categoria não aceita a exclusão do pagamento da gratificação emergencial ao enfrentamento da pandemia. “Não é só uma categoria que está prestando atendimento, são todas. Entrou no portão dessa unidade para dentro, desde o administrativo ao profissional da enfermagem, passando por todas as áreas como nutrição médica, técnica, auxiliares, farmacêuticos - todos estão fazendo o enfrentamento desse inimigo invisível”, argumenta Lenir durante o protesto.
Lenir ainda denuncia que no Hospital, a ala da pediatria tem atendido casos de COVID-19 em conjunto com outras patologias, contrariando as orientações sanitárias e colocando em risco a saúde dos pacientes e familiares.
No mesmo momento, trabalhadores do SAMU vinculados ao Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Sudeste (Cisdeste) realizaram uma Assembleia em frente à sede de Juiz de Fora. A pauta também era por fornecimento de EPIs prometido pelo governo estadual. O delegado sindical Renato Zibordi reclama do atraso nos repasses estaduais em torno dos R$ 3 milhões para o Cisdeste. Trabalhadoras e trabalhadores também reivindicam a inclusão da gratificação de emergência em razão do combate à Covid-19.
Fonte: CUT Minas