Metroviárias e metroviários de Belo Horizonte e Região, em greve desde o dia 23 de dezembro, aprovaram na sexta-feira, 7 de janeiro, a suspensão do movimento a partir da Zero Hora de domingo (9). A decisão aconteceu em assembleia convocada pelo Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG), realizada no início da tarde na Estação Central. A paralisação durou 16 dias.
A decisão de suspender a greve não significa esfriar a luta contra a privatização. Janeiro é o prazo para a categoria metroferroviária obter respostas dos governos estadual e federal sobre as dúvidas acerca do processo de cisão/privatização da Superintendência de Trens Urbanos de Belo Horizonte (STU/BH). Os governos só irão responder aos questionamentos devido à greve e a luta de metroviárias e metroviários de Belo Horizonte. Se dependessem deles, segundo a direção do Sindimetro/MG, todo o processo seria conduzido às escondidas.
Durante a greve houveram dois fóruns de debates entre sindicato, Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), governos estadual e federal. O primeiro conduzido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que definiu o dia 21 de janeiro como prazo para as respostas; e o segundo pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que teve o dia 17 de janeiro como prazo estimado para resposta. Caso as respostas sejam evasivas ou caso não haja a garantia da manutenção dos empregos dos trabalhadores da STU/BH, a categoria pretende retomar a greve com ainda mais força. Uma nova assembleia está marcada para o dia 17 de janeiro.
Outro ponto importante foi o acordo firmado entre a STU/BH e o Sindimetro/MG, que garantiu que não haverá corte de salário para os empregados até que a greve seja julgada pelo MPT.
O movimento é contra a privatização do metrô de Belo Horizonte e quer a revogação de trechos da resolução 206/21, do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos, que transfere os trabalhadores da CBTU para uma subsidiária que ainda seria criada, na esteira da privatização. Com a retirada da companhia, temem grande número de demissões e reclamam que não foram chamados para discutir contratos e regimes de trabalho. Os metroviários alegam ainda que há uma falta de diálogo entre o sindicato e o Executivo federal, responsável pela privatização.
Na assembleia, assim como em todas as atividades, a categoria contou com o apoio da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), toda a base Cutista no Estado, demais centrais sindicais, movimentos sociais, populares e estudantis, que se manifestaram durante a mobilização desta sexta-feira.
“Nós, na Petrobras, vivemos uma situação semelhante à de vocês. Um processo de privatização a qualquer custo e que barramos com greves. Foi com greves que garantimos conquistas, como férias e outros direitos. Não podemos admitir a privatização do metrô, que só interessa aos empresários que vão lucrar ainda mais com o que o dinheiro do povo construiu. O movimento que vocês realizam aqui não se encerra agora. Nossa luta em defesa das empresas públicas é eterna. A greve. A luta é de toda a classe trabalhadora. Ninguém pode mais resistir e lutar isolado. Vamos seguir juntos. Empresas públicas como Correios, Cemig, Copasa, Petrobras seguem ameaçadas. E não podemos permitir que as privatizações, a venda do patrimônio do povo brasileiro e a soberania nacional sejam vendidos”, disse Alexandre Finamori, coordenador-geral do Sindicato do Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/MG).
“A greve de metroviárias e metroviários tem uma importância muito grande para a população e para a classe trabalhadora como um todo. É uma greve no momento em que categorias do setor federal de revoltam contra o aumento exclusivo que o governo federal garantiu à Polícia Federal. Significa, também, a resistência para superarmos esse momento tão obscuro, que começou em 2016, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, seguiu com as reformas trabalhistas e da Previdência, retirada de direitos e ataques diretos ao movimento sindical”, analisou o presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira Filho.
“Não podemos permitir a privatização da CBTU/MG. O objetivo é entregá-la ao capital, cujo único objetivo é o lucro. Querem ganhar muito dinheiro. Vão substituir uma equipe altamente qualificada por mão de obra barata. Da mesma forma que aconteceu com as teles. A CUT Minas vai lançar um podcast em que debateremos a greve do metrô e a privatização de empresas públicas, para esclarecer à população sobre as consequências deste projeto para os usuários do transporte público em Belo Horizonte e região. A população não sabe que o metrô trabalha 24 horas. Quando os trens não circulam, uma equipe de manutenção trabalha para garantir o funcionamento de todo o sistema. Fizemos uma panfletagem na Estação Vilarinho e constatamos o quanto o assunto interessa aos usuários. O podcast vai ajudar neste debate. A população quer a ampliação do metrô, que tem que ir até o Barreiro. Os habitantes de Santa Luzia, de Ribeirão das Neves também querem. Mas a privatização só vai dar lucro aos empresários. Com a privatização, o projeto não vai dar certo. Vamos pautar o assunto em todos os lugares e, principalmente, nas escolas. Ampliação, sem privatização, é muito melhor”, acrescentou o presidente da CUT/MG.
Fonte: CUT Minas