Nesta quinta-feira (29), metalúrgicos de todo o país cruzaram os braços e estão nas ruas com uma pauta extensa, mas que pode ser resumida em um ponto: nenhum direito a menos.
O Dia Nacional de Paralisação é convocado por sindicatos do ramo da CUT e das demais centrais e a expectativa é que ao menos a metade dos dois milhões de trabalhadores do segmento suspendam as atividades.
Entre as organizações ligadas à Central Única dos Trabalhadores, que representa metalúrgicos em 15 estados, apenas os sindicatos do ABC adiarão os atos para o dia 3 de outubro, já que muitas empresas suspenderam atividades por conta de férias coletivas.
Além da manutenção de direitos, a mobilização leva às ruas a defesa da aposentadoria e o repúdio á reforma anunciada para a Previdência Social. O combate ao desemprego, à terceirização e ao desmonte da justiça do trabalho, a luta pela redução da taxa de juros e em defesa da saúde, educação, moradia e transporte digno para todos são os outros itens da agenda.
Presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Paulo Cayres, acredita que toda a política industrial corre risco com o governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB).
“Os metalúrgicos da CUT tem uma pauta antiga que é a renovação da frota de veículos, que estávamos discutindo com Dilma e que prevê uma série de avanços na produção de carros e caminhões. Mas nesse governo não dá para confiar, porque não senta com ninguém para conversar. Tira ideia da cabeça e impõe sem ter discutido previamente com sociedade.”
Aliado a isso, diz o dirigente, não basta discutir modelos de produção, se envolverão trabalho degradante. “Não adianta discutir renovação de frota, se os carros são produzidos por trabalhadores precarizados, atingidos por um processo de terceirização que está flutuando no Senado (PLC 30)”, criticou.
Dinheiro pelo ralo
Na agenda de equívocos que jogam contra a economia e os metalúrgicos, Paulo Cayres destaca ainda a decisão de Temer em comprar navios produzidos fora do país.
“Vão gerar empregos lá fora e recuar justamente no que estávamos avançando. O setor naval que tinha 90 mil trabalhadores já caiu para 35 mil e, ao invés de estimular produção nos nossos estaleiros, vamos na contramão”, falou.
Cayres acredita que os ataques aos direitos trabalhistas são uma concepção de governo que deseja varrer para debaixo do tapete a construção desenvolvimentista dos últimos 13 anos.
“O projeto do governo anterior vinha numa linha de distribuição de renda, geração de emprego e a indústria ajudou muito no crescimento do PIB, que chegou a 7,5% de crescimento em 2010. Quando retira recursos do trabalhador, retira salário e congela ganhos do setor público, mantendo-os 20 anos congelado, como estão planejamento, você trava tudo.”
Fonte: CUT