A Cemig, pato feio da bolsa até recentemente, virou cisne nas últimas semanas. Seus papéis dispararam e, desde a mínima atingida em meados de janeiro, já subiram 124%. Vamos buscar a raiz da alta para verificarmos se o movimento é estruturado, conjuntural ou meramente especulativo.
A valorização acompanha a progressiva elevação das recomendações de compra dadas pelos bancos. Os gestores dos fundos de investimento estão apostando no plano da empresa de redução da alavancagem por meio da venda de empresas fora de seu core business de geração, transmissão e distribuição de energia, ou de participações minoritárias.
Na lista estariam a Gasmig (de distribuição de gás canalizado integralmente controlada pela Cemig), a Taesa (transmissora de energia da qual a Cemig é a maior acionista, com 43,3% do capital, mas que desvinculou no mês passado suas ações do Acordo de Acionistas em ato entendido como preparatório para a venda dos papéis), a CemigTelecom (subsidiária integral de comunicação de dados), e a participação de 10% na Santo Antônio Energia (operadora da megausina de Santo Antônio, em Rondônia).
O que poderia ser vendido mais rapidamente seriam as participações minoritárias de Santo Antônio e Taesa. Mas estas estão no core business da empresa. Vender, portanto, poderia significar redução do estoque da dívida, mas também queda nas receitas.
E se a meta de reduzir o endividamento, atualmente em 4,5 vezes a geração de caixa (ebitda), é dar fôlego à empresa para voltar a investir, qual a lógica de desinvestir no negócio principal?
Já a venda de CemigTelecom e Gasmig, embora aguardada, precisaria ainda passar pelo ritual de aprovação da privatização das estatais pela Assembleia Legislativa.
Como sabemos, o governador Fernando Pimentel conta com maioria folgada na Casa, mas o processo é moroso. Não vejo, portanto, motivos para tanta euforia dos investidores com a Cemig.
Fonte: Hoje em Dia