Analistas do mercado financeiro já comemoram a reeleição de Zema como grande oportunidade de privatização. E citam Cemig e Copasa. Eles consideram friamente apenas o negócio, e apontam sugestões. Esquecem do contexto social e de relações de trabalho. Esquecem também que para vender será preciso três quintos dos votos dos deputados estaduais e da realização de um referendo junto à população mineira. E pesquisas já demonstraram que o povo de Minas é contra as privatizações das estatais mineiras, sobretudo da Cemig.
A luta contra a privatização continua em Minas e será mais intensa a partir do segundo mandato de Zema.
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Cemig (CMIG4): Com Zema reeleito em MG, ação deve subir com privatização no radar, dizem analistas
Reeleição de Zema no governo mineiro pode trazer mais perspectivas de privatização para a Cemig nos próximos anos
Por: Gustavo Lustosa
Nos meses que antecedem períodos eleitorais, empresas estatais sempre entram no radar do mercado, já que são alvo de diversas promessas políticas, entre elas privatização.
Com a reeleição de Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, a expectativa pela privatização da Cemig (CMIG4) aumenta, uma vez que o governador do estado tem falado nessa possibilidade desde o seu primeiro mandato, mas acabou esbarrando em burocracias e resistências de deputados para seguir com o projeto.
Agora, porém, a situação deve mudar nesse segundo mandato. Para o analista da Genial Investimentos, Vitor Sousa, Zema terá mais experiência, além de mais apoio no congresso local para tocar uma agenda personalista e quem sabe avançar com a privatização.
Segundo o analista da Empiricus, Ruy Hungria, o grande “gatilho” para um aumento no valor dos papéis da Cemig é uma privatização.
“Pegando o exemplo da Eletrobras, muita coisa foi feita em termos de melhoria de eficiência até a privatização. Mas, comparando com players privados, vemos que ainda há muito mato para ser cortado, que poderá ser feito agora, sem as amarras estatais e com uma gestão focada em resultados”, diz Hungria.
Só para se ter uma ideia, a Eletrobras (ELET3; ELET6) viu suas ações valorizarem quase 40% desde o começo do ano, já precificando a possibilidade de privatização, concretizada no meio deste ano.
Na visão do analista da Empiricus, a Cemig ainda precisa melhorar seu custo de empréstimos e sua alocação de capital. “Esses fatores combinados podem também causar um impacto positivo nos papéis”.
Em caso de cenário favorável para a privatização da Cemig, Sousa afirma que pode até pensar em alterar a recomendação da estatal mineira, de neutra para compra. “Podemos pensar nessa troca de recomendação, a depender de como Zema vai tratar a questão da privatização”.
Para o analista da Genial, a privatização da Cemig pode acontecer mais “fácil” caso seja feita em partes, ou seja, unir o que é ativo core e vender aqueles que não fazem parte do negócio principal da estatal.
Diante do cenário de dúvidas em relação à Cemig, devido ao tamanho da sua área de atuação, Sousa acredita ser mais provável a privatização de uma outra estatal mineira — a Copasa (CSMG3).
Outra estatal mineira no radar da privatização
Diferentemente da Cemig, que possui várias vertentes de atuação, a Copasa atua apenas no setor de saneamento e poderia ser vendida de uma vez só, sem separar ativos, segundo Sousa.
Atualmente, a Copasa é responsável pela prestação de serviços de saneamento na maior parte do estado mineiro, seu maior acionista.
“A Copasa é uma empresa que atua somente com saneamento. A Cemig é um ‘guarda-chuva’ com muitas empresas e ativos abaixo dela. Possui ativos de geração, transmissão e distribuição”, diz o analista da Genial.
De acordo com Sousa, sob premissas razoavelmente conservadoras, “o potencial de valorização da Copasa poderia ser acima de 100%”. A Genial possui recomendação de compra para a estatal mineira de saneamento, com um preço-alvo de R$ 20, um upside acima de 50% em relação ao fechamento de sexta-feira (30), que foi de R$ 13,20.
O momento recente da Cemig
Justamente pensando no potencial de valor da Cemig, o diretor-presidente Reynaldo Passanezi afirmou recentemente que, após crescer sem ter como a rentabilidade, fazendo investimentos em outras regiões fora do estado de Minas Gerais, agora o foco será diferente.
Durante apresentação dos resultados de 2021, o executivo explicou que a empresa não investirá em nenhum ativo fora do estado até, no mínimo, o final de 2022.
“Temos como lema focar em Minas, o que implicaria desfocar nossas atenções para ativos de participação minoritária da companhia fora do estado. Já concluímos uma alienação de participação na Light e esperamos continuar fazendo isso com outras”, comentou Passanezi, em teleconferência no final de março.
Os desinvestimentos na Light renderam R$ 1,3 bilhão aos cofres da Cemig. A companhia também pretende se desfazer da participação na Taesa (TAEE11), na qual possui 21%.
“A companhia entendeu que é melhor focar em sua própria região, onde tem concessões importantes (distribuição e Gasmig), uma marca muito reconhecida e boas oportunidades em geração distribuída e novas linhas de transmissão”, explica Hungria, da Empiricus.