Mercado especula: Andrade Gutierrez pode sair da Cemig

No mercado, especialistas acreditam na retirada estratégica da participação da Andrade Gutierrez na Cemig. “Vejo possibilidade real disso acontecer, para a Andrade se concentrar no ‘core business’ dela e fazer caixa”, disse uma fonte.

Segundo o mercado, a empreiteira está precisando de dinheiro e está sentindo que pode aplicar o recurso que tem na estatal em algo mais rentável. “Foi um bom negócio para a Andrade quando ela investiu na Cemig”, admitiu uma fonte. Mas, agora, a empresa precisa olhar para frente. “Se vender (a participação), a Andrade poderá ter um retorno melhor”, disse.

Em um acordo com a força-tarefa da Lava Jato, a Andrade Gutierrez se comprometeu a pagar uma indenização de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Outra fonte que não quis se identificar, afirma que a Andrade Gutierrez está “isolada” na administração da estatal.

Entre os possíveis compradores das ações, está o Banco Clássico, que administra os investimentos do multibilionário José João Abdalla Filho na Bolsa de Valores. Hoje, o banco está presente no Conselho de Administração da Cemig como representante dos acionistas minoritários.

Sobre o Banco Clássico, especialistas informam que se trata de uma instituição que investe em empresas. “É um banco de investimento. Pode ser que ele seja um comprador. Ou que ele vá liderar um conjunto de empresas fazendo uma espécie de consórcio para efetuar a compra”, disse. A Andrade Gutierrez negou em nota a negociação com o Banco Clássico e a instituição financeira não se pronunciou.

Retorno

Baseado numa estimativa do valor atual de mercado da Cemig, de R$ 10 bilhões, um especialista de mercado calculou para a reportagem o que pode representar o tamanho do negócio para o caixa da Andrade Gutierrez. A empresa conta hoje com 20,05% das ações ordinárias da estatal. “As ações ordinárias equivalem a mais ou menos de 40% a 50% do total”, explicou. Como a Andrade Gutierrez tem 20% das ordinárias da Cemig e se fizermos as contas de 50% de 20% das ações, a operação poderá dar um retorno de R$ 1 bilhão à empreiteira.

Estrutura acionária da Cemig:

Setor público

Federal: 12,94%
Estadual: 50,97%
Municípios: 0,01%

Setor privado

Andrade Gutierrez (AGC Energia S/A): 20,05%
Demais acionistas: 13,81%

Externo

ADRs (ações negociadas na bolsa de NY): 0,10%
Demais acionistas (incluindo Latibex): 2,22%.

Fonte: Jornal O Tempo