“Megalive do trabalhador” poderá mudar o modo de se fazer política



“Megalive do trabalhador” poderá mudar o modo de se fazer política

Há dez anos, seria impensável um palanque online ou uma grande manifestação que não ocorresse nas ruas. A tecnologia está alterando os modos tradicionais de manifestações políticas, sobretudo agora que a crise do coronavírus impôs o isolamento entre as pessoas.

A “Megalive do trabalhador” é o evento online marcado para comemorar o Dia do Trabalhador na próxima sexta, primeiro de maio. As 11 centrais sindicais organizadoras do evento irão utilizar de ferramentas já conhecidas dos usuários da internet, as lives, para promover o encontro com artistas e políticos. A intenção é mesclar apresentações musicais com as falas dos convidados.

Até o ano passado, o dia do trabalhador arrastava multidões às ruas. A expectativa é que isto ocorra este ano, porém de modo virtual. Na hipótese do evento dar certo, esse modelo de manifestação política poderá ser copiado até mesmo depois da crise do coronavírus. Campanhas políticas, em especial os comícios, por exemplo, poderão ser os primeiros atos políticos a serem impactados.

“É possível sim os próximos atos políticos serem impactados. A internet tem o poder de levar o evento para pequenos municípios, por exemplo, instigando as pessoas que não poderiam estar nele, se fosse presencial. Mas, para isso, é necessário repensar o modo de fala dos sujeitos. O espaço das mídias digitais não é o mesmo das mídias tradicionais, como na televisão onde se fala muitas horas”, explicou Jocimar Silva, cientista político, professor da UFMG e pesquisador de mídia digital e política.

Ele cita o exemplo do presidente do México, Manuel López Obrador, que faz lives em seu facebook em longas durações por meio de uma linguagem analógica. “Perceba que elas têm poucas visualizações”, disse Jocimar.

Um dos diferenciais da nova tecnologia refere-se à instantaneidade da reação dos espectadores. É possível tecer comentários ou críticas no momento em que a transmissão ocorre. Assim, em campanhas políticas, os marqueteiros podem ajustar as campanhas sem necessitar de pesquisas, por exemplo.

A grande live de primeiro de maio pode servir de modelo para manifestações políticas. Hoje em dia, de modo geral, as mídias digitais reproduzem os atos que acontecem nas ruas. Mas ainda não existem exemplos de protestos, por exemplo, feitos apenas de maneira virtual.
 
Fonte: Os Novos INconfidentes, por Marcelo Gomes, jornalista 

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