Marcha e ato marcam o Dia Internacional da Mulher em BH
As mulheres estão acampadas desde terça-feira (6) na Assembleia Legislativa
Com malas, barracas e muita disposição para a luta, centenas de militantes e dirigentes de movimentos sindical, sociais, estudantis e populares de todas regiões do Estado participam, desde terça-feira (6), da jornada Mulheres em Luta: Democracia, Soberania e Autonomia, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Elas lutam por Justiça, direitos e contra os retrocessos em curso no país que afetam, principalmente, as mulheres. Nesta quarta-feira (7), cantaram e deram depoimentos pela manhã; participaram de oficinas à tarde; e, depois, tiveram uma noite cultural.
Nesta quinta-feira (8), a agenda culminará com o Dia Internacional da Mulher, com a Marcha até a Praça Sete, Centro de Belo Horizonte. A preparação começa pela manhã, segue às 14 horas, com a Assembleia Geral das trabalhadoras e dos trabalhadores em educação, que entram em greve por tempo indeterminado, e concentração, às 16 horas para a passeata até a Praça Sete.
Algumas dessas mulheres que estão acampadas na Assembleia encararam mais de 12 horas de viagem para participar da atividade. Neste ano, elas elegeram como tema central da luta a reconquista da democracia no Brasil. Diante do golpe em curso no país e de ataques cada vez mais intensos contra a classe trabalhadora as mineiras denunciam o desmonte do Brasil através da retirada de direitos, do saque ao patrimônio natural e do avanço de legislações conservadoras que interferem diretamente sob a vida das mulheres.
“Estamos trabalhando pela formação das mulheres, nestes dois dias, com debates, oficinas que levarão ao ato de amanhã (quinta-feira). Reforçaremos as lutas das mulheres por democracia, soberania e autonomia e contra a reforma da Previdência. Vamos denunciar as consequências do golpe e a violência contra as mulheres”, afirmou Lucimar de Lourdes Martins, secretária de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG).
“A gente não reconhece este governo. Podemos sofrer as mesmas coisas que as mulheres no Rio de Janeiro estão sofrendo. A que ponto chegamos? Os principais atores do golpe – Michel Temer, o Judiciário, a Globo golpista - querem intimidar a nossa resistência. Juntas somos mais fortes. Defendemos a democracia, a soberania e autonomia das mulheres. Nesta nossa luta por democracia, quero ressaltar duas pautas. Uma é a denúncia do Judiciário como parte do golpe. Justiça está sendo injustiça. Por isso, lutamos pelo direito de Lula ser candidato à Presidência da República. Outra pauta é a luta pela democracia e contra o governo golpista ”, disse Bernadete Esperança, da Marcha Mundial de Mulheres.
“O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) acampa desde terça-feira, 6, para negociar com os deputados estaduais a garantia dos direitos e pressioná-los para que aprovem pautas das populações atingidas. Há um ano, poucas respostas foram dadas. Entre elas, o pouco empenho do governo em aprovar a Política dos Atingidos por Barragens e outros Empreendimentos (PEABE), que está há dois anos na Assembleia Legislativa. Além disso, existem problemas regionais sem solução. As pautas envolvem também o acesso a água, regularização fundiária e direito à terra, subsistência alimentar e geração de renda, assessoria técnica, revitalização das bacias dos rios Jequitinhonha, Doce e Rio Pardo. Como também o abastecimento de água das famílias do semiárido mineiro, que sofrem com a falta de água. No Jequitinhonha tem muita gente sem água e às escuras, sem eletricidade, nas chapadas. Quando ligam os pivôs do agronegócio, as famílias ficam sem energia elétrica”, denunciou Soniamara Maranho, do MAB.
“Hoje (quarta-feira), na pauta da Frente Brasil Popular, discutimos o golpe no Brasil, exigimos a volta da democracia; fora, Temer; soberania e autonomia. As mulheres, as negras são as primeiras a serem atacadas na retirada de direitos. Perdem postos de trabalho, são submetidas a empregos precarizados. Sem democracia e soberania os ataques às mulheres são ainda mais ampliados, o patriarcado entra em guerra contra nós, a opressão fica maior. Um país sem lei é ainda pior para as mulheres. Com as oficinas, vamos construir a simbologia das nossas denúncias para o dia 8 de março. Se nós não tivermos uma retomada da democracia no Brasil, estarão em jogo todos os direitos conquistados para as mulheres”, acrescentou Soniamara Maranho.
Para Aline Ruas, militante do MAB e moradora de Araçuaí , a 700 km de Belo Horizonte, a luta por soberania, democracia e autonomia vale a jornada. “Essas medidas impostas pelo governo golpista e o seu projeto de governo neoliberal recaem excessivamente sob os nossos ombros, sob os ombros das mulheres brasileiras. Por isso, não importa a distância, nós saímos de nossas casas e estamos aqui acampadas na Assembleia para dizer que este país é nosso. Que nós não vamos deixar que este governo golpista roube nossas riquezas, nossa vida e os nossos corpos” afirmou.
Fonte: CUT Minas
