“Mãe e filha e mãe. Ser uma mulher pública no Brasil é ser ameaçada permanente. É escolher um lugar para o medo, outro para a coragem, outro lugar pro fingir ignorar. Ser mulher pública é conviver com a ameaça de estupro como correção pela coragem, com a ameaça de morte como silenciador.” Com essas palavras a ex-deputada federal Manuela D’Ávila iniciou a denúncia de mais um ataque proferido contra ela, envolvendo sua filha de seis anos, sua mãe e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A publicação foi feita em sua conta no Instagram, na segunda-feira (1º), junto da imagem que recebeu com as mensagens de xingamentos e ameaças.
"Ser mulher pública é ouvir de muitos que não aguentariam nem metade, que tá tudo bem, que é assim mesmo. Como se fosse o preço a pagar por estar num lugar que não é o nosso, que não é pra nós. Essa é mais uma das ameaças que eu, minha filha e também minha mãe sofremos", completou a denúncia.
Nos comentários da publicação, diversas pessoas públicas enviaram mensagens de apoio. A direção estadual do PCdoB/RS, partido ao qual pertence Manuela, lançou uma nota pública manifestando total solidariedade à ex-deputada por conta dos constantes ataques a si e a sua família. “Em um mundo civilizado, livre da barbárie, criminosos deste tipo estariam presos respondendo por seus crimes”, afirma o partido.
“Denunciamos constantemente a misoginia e violência às mulheres públicas no Brasil, como as dirigidas reiteradamente contra Manuela. Exigimos que as autoridades tomem as providências para garantir que cessem as ameaças e que os criminosos sejam punidos”, complementa.
Este é mais um dos recorrentes casos de violência política que Manuela tem sofrido no decorrer de sua carreira pública. Em março deste ano, em outra publicação, ela disse que a primeira vez que foi agredida por causa de uma fake News foi em 2014, o que foi se agravando após o nascimento de sua filha. Em 2021, ela revelou uma ameaça de estupro contra sua filha, envolvendo o pai de um colega da escola onde a menina estuda.
O nome de Manuela era um dos mais cotados para concorrer à vaga do RS ao Senado pela federação PT, PCdoB e PV. Nas pesquisas, aparecia nas primeiras posições de intenção de voto. Contudo, em maio deste ano ela comunicou que não concorreria. Entre os motivos alegados estava a falta de união das esquerdas, mas também os ataques que vem recebendo nos últimos anos.
Fonte: Brasil de Fato (RS)