Mais Médicos: estrangeiros são bem aceitos



Mais Médicos: estrangeiros são bem aceitos

As polêmicas e críticas que ganharam destaque na grande mídia sobre a chegada dos médicos estrangeiros ao Brasil, sobretudo em relação aos profissionais cubanos, vão ficando para trás agora que eles começaram a trabalhar. Em várias cidades para onde estão indo médicos de Cuba a população só tem elogios e não vê ineficiência no atendimento e nem barreiras na comunicação, devido ao idioma.

Em Minas, na primeira fase do Programa Mais Médicos, 30 municípios receberam profissionais cubanos, conforme o Ministério da Saúde. Em dois deles, Sabará, na região Metropolitana de Belo Horizonte, e Marliéria, cidade do Vale do Aço, os médicos de Cuba já são bem aceitos pela população. Jorge Alberto Gil de Monte Santana é elogiado pela atenção extrema a seus pacientes, de Sabará. Após a consulta, ele acompanha a pessoa até a saída do posto de saúde, despede com tapinhas nas costas e pede para ela voltar se não melhorar ou tiver outros sintomas.

Já em Marliéria, município de quatro mil habitantes, a médica cubana, Liliana Taño Lazo, foi recebida com festa. A população deu boas-vindas oferecendo comida e bebida típicas. Quando começou a trabalhar, vieram os convites para almoços e jantares. Nos momentos de descanso, ela já participa de encontros de moradores na praça e na única pizzaria de Marliéria, com total desenvoltura na linguagem e na amizade.

A reportagem conversou com a médica. Liliana disse que a população “é magnífica”, sobretudo na receptividade. Com mais de 24 anos de experiência na medicina da família, ela já trabalhou com comunidades pobres da Guatemala e Venezuela.

“Somos formados pelos hábitos de solidariedade e humanidade”

A médica destacou que, apesar dos problemas que os brasileiros vivenciam no SUS (Sistema Único de Saúde), o atendimento à saúde é mais desenvolvido, organizado e com grande poder de solução para as demandas do povo. No Brasil, complementa, o acesso aos serviços é universal, mas nos outros países não há uma política que garante tratamento gratuito a toda população. Ela revelou que na Guatemala, por exemplo, 80% da população vive na miséria. São pessoas que dependem de médicos estrangeiros para ter, pelo menos, um serviço de prevenção e tratamento de doenças que poderiam ser evitadas com o saneamento básico.

Em comparação a Cuba, disse Liliana, a política pública de saúde no Brasil sai perdendo. Isso porque, no país caribenho, o atendimento é inteiramente gratuito e a população não enfrenta filas e demora para conseguir consultas, exames, medicamentos e internação.

A médica destacou também que a educação do cubano é totalmente pública. A população tem a garantia de ensino gratuito da pré-escola até o doutorado. Aos cinco anos a criança entra na educação básica e integral e na escola existem círculos infantis de interesses para trabalhar a vocação do estudante. Ou seja, a escola adapta-se às necessidades do aluno, e não o contrário, como ocorre no Brasil, onde há um foco excessivo na formação pelo vestibular. Segundo Liliana, desde cedo a criança é estimulada a desenvolver suas potencialidades e vocações. Quando chega à universidade, sabe qual curso e profissão a seguir.

As críticas de que os médicos de Cuba estão sendo explorados e atuando em regime de trabalho escravo porque o salário do Programa Mais Médico vai quase que todo para o governo cubano, foram contestadas por Liliana. Ela disse estar orgulhosa por poder contribuir para que o governo de seu país tenha mais recursos para investir na educação e saúde do povo. “As pessoas pensam e vivem conforme foram educadas. No nosso país somos formados pelos hábitos de solidariedade, humanidade e internacionalismo. Não há ganância, há sim uma grande vontade da gente ajudar, apoiar e cooperar com os investimentos sociais”, enfatizou.

A médica também avaliou o embargo econômico imposto a Cuba, pelos Estados Unidos, que impede vários investimentos do governo e mantém a população privada do progresso tecnológico. Segundo Liliana, o bloqueio econômico imposto é insistente e forte porque os EUA não conseguem mais intervir e dominar o país. “Aos que questionam o Fidel Castro, digo que, quem dera todo país pudesse ter um governo como foi o dele. Ele foi um presidente de uma sensibilidade humana marcante, fez muito pelo povo cubano”, afirmou.

Ganho para a saúde de Marliéria

A secretária municipal de Saúde de Marliéria, Lúcia Maria da Silva Castro, também está comemorando a chegada da médica cubana no município. “Ela já é muito querida na cidade. O Programa Mais Médicos significa um grande ganho para a nossa população”, elogiou.

Em Marliéria há dois postos de saúde, um na cidade e outro no distrito de Cava Grande. Liliana, além de realizar consultas e visitas às famílias marlierenses, vai a Cava Grande duas vezes por semana. “Avançamos na qualidade do atendimento. O rendimento e a atenção da médica com os pacientes são muito bons. A população está satisfeita com toda a equipe da saúde e não encontrou obstáculo algum no contato com a Liliana”, concluiu.

item-0
item-1
item-2
item-3