Maio começou com dois acidentes graves com trabalhadores eletricitários

O mês do trabalhador começa escancarando o descaso da gestão Zema da Cemig com a saúde e segurança dos empregados do quadro próprio e terceirizados. Ontem, dia 4 de maio, um eletricitário da Cemig sofreu queda de nível ao subir em uma árvore para podar galhos próximos à rede elétrica, em Santa Juliana (MG). O trabalhador perdeu a consciência e foi levado com urgência ao hospital, sendo transferido posteriormente para uma unidade em Uberlândia. Ele está consciente, mas sofreu fratura no quadril e está sendo observado quanto à sua condição neurológica.

Na sexta-feira (2), um caso ainda mais grave ocorreu com um eletricitário da empreiteira Ricel: o trabalhador desapareceu no rio Sapucaí Mirim, em Conceição dos Ouros, durante uma operação de emenda de condutor. Ainda não há notícias sobre seu paradeiro. Os novos casos evidenciam a urgente necessidade de rever e reconstruir a política de segurança no setor elétrico mineiro.

Cemig precisa abrir diálogo para debater saúde e segurança

Ao propor o pacto de Saúde e Segurança em 2013 e, em 2015, fazer uma greve de 54 dias com vigília em ocupação na Sede, o Sindieletro reafirmou seu total comprometimento com a vida dos trabalhadores.

O número de acidentes no setor era inaceitável à época – um a cada 45 dias. Solicitávamos um debate sério sobre os processos de trabalho, a fim de melhorar as condições laborais e de vida dos eletricitários. O pacto foi uma grande conquista do ACT 2013. No ano seguinte, ao longo de 9 reuniões com participação dos sindicatos, eletricistas e técnicos representando equipes da Linha Viva de todo o estado, SES-MT, RH e convidados, construímos um projeto que resultou em importantes conquistas: o impedimento da implementação da dupla de Linha Viva foi uma das principais.

O resultado do Pacto de Saúde e Segurança escancarou as contradições do modelo de gestão e o comprometimento da eficiência operacional nas condições de trabalho das equipes de Linha Viva. A greve de 54 dias deu início à discussão do concurso público com o requisito de experiência, para que pudéssemos possibilitar a entrada de trabalhadores das empreiteiras. No entanto, a gestão da empresa impediu a continuidade da discussão sobre outros processos de trabalho.

Durante negociação do ACT 2024, o Sindieletro e a categoria eletricitária propuseram a criação de grupo de trabalho para “construção de programa de preservação da saúde e segurança para toda a força de trabalho, própria e terceirizada". Sem consenso com a gestão da Cemig, a cláusula foi deferida pelo Tribunal Superior do Trabalho em novembro de 2024. A Cemig não cumpriu o acordado.

Entendemos que não há outro caminho para diagnosticar e tratar a questão de saúde e segurança na Cemig e nas empreiteiras senão um esforço conjunto das entidades representativas e da gestão. Consultorias externas e programas para saúde mental descolados da realidade da categoria não trarão vidas de volta. É preciso agir em sistemas eficazes de prevenção.

O Sindieletro tem o compromisso de lutar por saúde e segurança para as trabalhadoras e os trabalhadores do setor de energia de Minas Gerais. Em memória de companheiros como Carlão, Pedro Murilo e Gabriel Luciano, que representam as dores de muitas outras perdas de vidas da categoria, defendemos a vida dos eletricitários que precisam de prevenção hoje.

O Sindieletro apura os dois casos e atualizará a categoria.

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