Homens de Bem é uma excelente coletânea de contos apresentada pelo renomado autor e professor Luciano Mendes, em suas andanças pelos caminhos da literatura mineira. Trata-se de um livro leve, despretensioso e ao mesmo tempo atraente. Repleto de história que ouvíamos de nossos avós, é um convite a uma leitura agradável e compensatória nesses dias difíceis de tanta intolerância a arbitrariedade em que vive o Brasil da atualidade.
Inicia com um anedótico conto em que o personagem Zé da Lua, louco e brincalhão, tão comum nos interiores do Brasil, forja uma aposta nada convencional com os amigos em uma das tantas vendas que são ponto de encontro de compadres e companheiros em alguma cidade do interior de Minas.
Em Homens de bem, já vemos um relato fictício mas verossímil dos métodos e práticas usadas pelo regime militar para identificar, julgar e sentenciar todos os inimigos do regime. Uma narrativa biográfica e imaginária ao mesmo tempo mas que bem poderia ter ocorrido na pequena cidade de Pocrane, cidade onde nasceu o autor. Nele, os “homens de bem” de uma cidade do interior – um padre conservador, um puxa-saco e um fazendeiro sem escrúpulo – se associam para, juntos criarem uma armadilha para o pequeno fazendeiro e sua esposa, entregando-os aos militares, aos moldes do que se fazia com os judeus no período hitleriano.
Nos “Tortuosos caminhos dos encontros”, uma corajosa passagem pelos afetos inconfessos de dois pedreiros que se estranham e se entendem em uma narrativa fascinante e libertadora.
Bandido bom é bandido morto, mostra as fatalidades que a vida pode apresentar aos incautos que, sem empatia, no atual momento do Brasil, se julgam justiceiros e cumpridores fieis de seus deveres de cidadão, inocentados por tirar a vida de uma pessoa “que não faria falta a ninguém”. Neste intuito, o sargento reformado, tira a vida de sua própria filha na madrugada escura de Belo Horizonte.
O conto “Dor e liberdade¨ finaliza a coletânea. Um desabafo do autor a triste realidade que o peso da vida nos impõe depois dos cinquenta anos de idade, e vemos nos distanciar os felizes dias da idade da razão.
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