É revoltante perceber que o discurso da gestão Zema sobre saúde e segurança na Cemig são apenas palavras ao vento que não encontram lastro na realidade objetiva dos trabalhadores e trabalhadoras da estatal. Chegou ao conhecimento do Sindieletro um caso que poderia ter terminado em morte na última quarta-feira (6). Realizando a substituição de cruzeta quebrada na av. Pedro II, a equipe de plantão do Anel Rodoviário estava finalizando o serviço quando o acidente aconteceu.
O serviço durou 2h, entre 16h e 18h. Por volta de 18h37, segundos após a retirada do aterramento e a finalização do serviço, a rede foi energizada sem a autorização da equipe. Apenas após a autorização da equipe, o trecho pode ser devolvido para o COD normalizar o circuito. Não foi o que aconteceu. Caso o trabalhador hesitasse por alguns segundos, poderia ocorrer mais uma tragédia.
Logo após o acidente, a equipe gravou vídeos denunciando o ocorrido. Após enviarem mensagem ao COD, o circuito foi desligado instantaneamente, confirmando o erro prévio. O supervisor afirmou que o caso já havia chegado ao conhecimento da superintendência da empresa e seria investigado. No entanto, após a demanda por tratativas para o episódio, absolutamente nada foi feito sobre ou sequer foi dito aos trabalhadores.
Nesta segunda-feira (11), não houve retorno ou satisfação sobre o ocorrido na última semana, o que causou perplexidade e revolta entre os funcionários. O gerente Dilzair Alvimar de Oliveira Junior, responsável pela área, não deu nenhuma informação aos trabalhadores, apesar do momento traumático vivido.
Os acidentes ocorridos na Cemig têm seguido a mesma lógica: silêncio da diretoria e clima de culpabilização dos trabalhadores. Por isso, é importante salientar que o Sindieletro denunciou diversas vezes a pressão, a sobrecarga de trabalho e o adoecimento coletivo aos quais os trabalhadores do COD estão submetidos. Não é problema de um funcionário ou outro: é uma questão organizacional! É cultura de empresa, é descomprometimento com a vida!
Assustador o fato de que, no dia seguinte ao acidente em BH, em João Monlevade ocorreu mais um, desta vez com ferimentos. O trabalhador contratado Francisco Diego atuava em Linha Viva quando se acidentou e teve o rosto queimado (foto). As denúncias apontam para sobrecarga de trabalho.
Não dá para seguir tratando a vida dos eletricitários como fatos episódicos e isolados. A negligência com a saúde e segurança na empresa está custando vidas e a saúde mental dos eletricitários e eletricitárias. A gerência, o RH e a diretoria precisam tratar a questão com urgência, de forma objetiva e integrada aos trabalhadores e ao sindicato, para que cessem de vez as ameaças à vida dos eletricitários. O Sindieletro oficiou a Cemig cobrando as devidas tratativas com a participação do Sindieletro.