Leilão de usinas vai afetar conta de luz em Minas



Leilão de usinas vai afetar conta de luz em Minas

Bolso. Para garantir lucro de quem assumir as hidrelétricas, TCU indica que o valor cobrado pelo megawatt-hora seja até duas vezes mais caro


No imbróglio envolvendo o Governo Federal e a Cemig, quem pode sair mais prejudicado é o consumidor mineiro. Isso porque a União pretende elevar o teto das tarifas cobradas pela energia gerada nas quatro usinas da Cemig que podem ir à leilão no fim deste mês. Tudo para atrair investidores dispostos a pagar os R$ 11 bilhões pretendidos pelas concessões das hidrelétricas em poder da estatal de energia mineira.

Segundo um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), a tarifa de referência proposta pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para a energia gerada nas usinas de São Simão, Miranda, Volta Grande e Jaguara é de aproximadamente R$ 140 por MWh, sendo que os valores cobrados atualmente estão na casa de R$ 60/MWh. A medida seria tomada para garantir o lucro das empresas que passassem a administrar as hidrelétricas. O resultado, de acordo com a Cemig, pode ser um aumento de quase 100% na conta de luz dos mineiros.

A companhia, que luta na Justiça contra o leilão, ainda estuda os prejuízos caso se confirme a perda das usinas. Nesta semana, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), se mostrou preocupado com a possibilidade de perda das hidrelétricas e disse que o aumento na conta poderá ser inevitável. “A União quer tomar as usinas e fazer um leilão. Isso vai ter um impacto terrível na economia mineira, porque não é só perder a operação das usinas que hoje a Cemig faz, é pior do que isso, pois o investidor que comprar vai ressarcir o custo na conta de luz. Então, esse pre- ço vai ser repassado para a tarifa de energia elétrica que os mineiros e mineiras pagam, e que pode ficar três vezes mais cara”, disse o governador.

A última esperança da Cemig para manter o controle sobre as usinas está nas mãos do STF, que vai julgar uma liminar que pode paralisar o processo. A Segunda Turma do STF marcou para o dia 22 de agosto o julgamento do recurso. A Cemig ainda tenta negociar com a União uma outra solução. Entenda o caso Em 2012, a presidente Dilma Rousseff antecipou as concessões de usinas estatais em todo o Brasil. Elas foram renovadas em vários Estados, mas Minas Gerais não aceitou a proposta.

Em março deste ano, o presidente Michel Temer (PMDB) assinou o decreto que autorizou o leilão para novos projetos de energia. Na época, a Cemig não aderiu ao plano. Hoje, a empresa alega que tem direito à renovação automática das concessões que venceram entre agosto de 2013 e fevereiro de 2017, o que a Aneel e a União negam. Com o valor arrecadado no negócio, o governo federal espera aliviar as contas públicas deste ano. Quem ganhar o controle das usinas poderá explorar o serviço pelos próximos 30 anos.

Jornal Metro Belo Horizonte

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