Júri é marcado



Júri é marcado


Após ser adiado por duas vezes, o julgamento de Adriano Chafik Luedy foi novamente marcado para 21 de agosto. Principal acusado do Massacre de Felisburgo, o fazendeiro será levado a júri popular por ser pela morte cinco agricultores em novembro de 2004 no acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha.

Comandados por Adriano Chafik, que confessou ter participado do massacre, 17 pistoleiros invadiram o local e atearam fogo em barracos e plantações. As cinco vítimas foram executadas com tiros à queima-roupa e outras 12 pessoas, entre elas uma criança ficaram feridas. Chafik conseguiu, poucos dias depois da confissão, por meio de habeas corpus, responder ao processo em liberdade.

Às vésperas de completar nove anos, o crime continua impune e nenhum dos acusados ainda foi julgado. "Existe uma descrença muito grande do MST diante da Justiça brasileira. A violência no campo tem aumentado a cada dia, assim como aumenta a hegemonia do agronegócio no campo brasileiro. Mesmo assim o MST continua lutando para reverter esse quadro, e isso passa pela condenação do Adriano Chafik", Silvio Netto, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

As famílias sem terra montaram acampamento na fazenda Nova Alegria em 2002 e tinham denunciado à Polícia Civil algumas ameaças por parte dos fazendeiros. No mesmo ano, 567 dos 1.700 hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terra de Minas Gerais (ITER) como terra devoluta, ou seja, área do Estado e que deveria ser devolvida para as famílias.

Oito anos depois da chacina, cerca de 60 famílias ainda vivem no assentamento e aguardam que parte da área seja desapropriada. Iniciado há 14 anos, o processo agora tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Apesar de terem uma boa produção e o controle de toda a fazenda, as famílias continuam sofrendo ameaças: primeiro do Estado, porque temem ser despejadas já que a área ainda não foi destinada à reforma agrária; e segundo dos fazendeiros e comparsas do Chafik que dizem que, independente do julgamento, as famílias sofrerão novos massacres", denuncia Sílvio.

Acusado de ser o mandante do Massacre de Felisburgo, o fazendeiro Adriano Chafik responde ao processo em liberdade e teve o julgamento adiado por duas vezes desde que o processo foi remetido à comarca de Belo Horizonte. O júri popular havia sido marcado para 17 de janeiro e 15 de maio, mas foi desmarcado.

O primeiro adiamento aconteceu porque o juiz da Comarca de Jequitinhonha, onde inicialmente ocorreria o julgamento, enviou o processo para Belo Horizonte antes que a defesa dos réus indicasse testemunhas a serem ouvidas na ocasião. E no segundo caso, o juiz Glauco Soares justificou o adiamento em razão de um pedido da defesa para que fossem ouvidas cerca de 60 testemunhas que ainda não haviam sido inquiridas pelo juiz de Jequitinhonha.

Segundo Silvio Netto, os adiamentos são tentativas claras da defesa do fazendeiro Adriano Chafik de protelar o julgamento. "Não temos dúvidas de que foram manobras com intenção de protelar a condenação já que as provas são evidentes e o assassino já deveria estar na cadeia. Entretanto, o poder judiciário foi vulnerável e conivente com os adiamentos".

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