Jovens fazem cerco a todas as instâncias do poder



Jovens fazem cerco a todas as instâncias do poder

O Congresso e o Palácio do Planalto, em Brasília; a sede da Globo, em São Paulo; a Assembleia Legislativa, no Rio; com violência pontual ou em paz, estudantes, na grande maioria, fazem história na noite desta segunda-feira 17; o poder como um todo é questionado; "Destravou".

O poder foi cercado. Nas principais capitais do País, os estudantes, em grande maioria, tomaram avenidas, pressionaram às portas centros de poder como o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, a Assembleia Legislativa (RJ) e a sede da Rede Globo, em São Paulo, para dizer algo que soa como uma forte critica generalizada a "tudo o que está aí". Um basta na forma de mais de 300 mil jovens nas ruas em todo o País. Também ocorreram passeatas numerosas em Belo Horizonte, onde houve conflito com a Polícia Militar e Juiz de Fora (MG).

Uma parte da marcha que caminhava por São Paulo chegou ao portões do Palácio do Governo de São Paulo. Estudantes chegaram a empurrar as grades, repetindo uma cena de décadas atrás, quando professores em greve derrubaram parte da proteção. Uma pequena bomba chegou a ser jogada nos jardins da sede do governo.

Ao mesmo tempo, naquela altura, a Avenida Paulista estava tomada pelas passeatas, assim como a Rua Augusta. À medida que a noite avançava, a tensão crescia. Os estudantes que se dirigiram ao Palácio dos Bandeirantes foram chamados pela midia tradicional de dissidência.

Em Brasília, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), resolveu, também depois das 21h, ir pessoalmente ao Congresso Nacional. Era uma tentativa de dialogar com os estudantes.

Protestos

O que começou como marchas de protesto contra aumentos nas tarifas de ônibus se ampliou, agora, na forma de passeatas de protesto contra o establishment – conjunto de instituições que compõe o poder formal. Não estava combinado, por exemplo, que a marcha em Brasília deveria se dirigir ao edifício do Congresso Nacional, primeiro, e ao Palácio do Planalto, em seguida, mas foi o que se deu, com milhares de jovens gritando contra a corrupção.

Em São Paulo, a marcha que deveria sair de Pinheiros para a Avenida Paulista se dividiu de modo a um grande grupo de manifestantes rumar em direção à sede da Rede Globo, fechando no trajeto a avenida Marginal e, desse modo, asfixiando o trânsito pesado da hora do rush. No alto da ponte Estaiada, mirando dali a sede da Rede Globo, milhares de jovens pararam para cantar o Hino Nacional.

Noutra frente, com palavras de ordem diversas, pelo menos 60 mil estudantes tomavam pacificamente a Avenida Faria Lima, uma das mais elegantes da capital, e subiam para a Avenida Paulista, por volta das oito da noite. Lá, no endereço que representa o poder financeiro do Estado mais rico da federação, tudo poderia acontecer. A tropa de choque da PM estava mobilizada para entrar em ação ao primeiro sinal de tumultos.

No Rio, quando cem mil jovens tomavam a Avenida Rio Branco, no centro da cidade, a violência estourou também por volta das oito horas. As escadarias da Assembléia Legislativas foram ocupadas e, deibaixo das pilastras do prédio histórico, fogo foi ateado. Antes, um automóvel fora explodido.

O que está sendo questionado é o poder e as instâncias que o representam.

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