Insegurança e medo nas subestações



 Insegurança e medo nas subestações

Trabalho isolado e contenção de despesas deixaram as subestações vulneráveis e trabalhadores expostos à ação de bandidos

Há anos o Sindieletro denuncia os riscos e equívocos do trabalho isolado e do corte de verbas na Cemig, mas a empresa se nega a rediscutir essas práticas.

E esse risco é potencializado especialmente nas subestações, unidades vitais à distribuição de energia e ao sistema elétrico. A técnica em sistemas elétricos mecânicos Michelle Silva sabe bem dos perigos do trabalho isolado. Além de atuar em um ambiente extremamente hostil, que não admite erros, Michelle está exposta a ações de marginais.

A subestação Taquaril, onde trabalha está localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em um local afastado, rodeada de mato e já foi alvo de inúmeros assaltos. O último aconteceu no sábado dia 3 de março.

A Cemig, na ânsia de reduzir despesas, substituiu os seguranças armados por vigilantes. A mudança foi um prato cheio para ladrões que entram na unidade para furtar cabos elétricos.

A idéia foi tão desastrosa que a Cemig voltou com os seguranças armados, mas somente à noite, horário em que os roubos aconteciam. Os “gatunos” logo perceberam a estratégia da empresa e mudaram a forma de agir. Agora os roubos acontecem durante o dia e nos finais de semana, apesar do esforço dos vigilantes.

Michelle contou ao Chave Geral que  no dia do assalto já estava se preparando para ir embora quando o vigilante a avisou que havia três homens no pátio da SE, um deles estava armado com um facão. A técnica ligou imediatamente para o COS para avisar que não havia ninguém na casa de comando e saiu em direção à guarita, onde estavam os vigilantes, passando entre os barramentos e estruturas da SE, sem ser vista pelos assaltantes. O COS acionou a Polícia Militar, porém ninguém foi preso.

Fuga na subestação Barreiro

Na subestação Barreiro, localizada na Região Metropolitana a facilidade de acesso é enorme. Lá a Cemig também substituiu seguranças armados por vigilantes.

Os trabalhadores contam que no dia 22 de fevereiro a SE foi invadida por marginais que fugiam da Polícia após terem roubado um carro na região. O que essas duas subestações têm em comum é a redução drástica de despesas e o trabalho isolado.

No entorno de Belo Horizonte, existem, além das subestações Taquaril e Barreiro, as SEs, Neves e Vespasiano, todas de grande potência e responsáveis por atender toda a Região Metropolitana. São unidades estratégicas para o sistema elétrico e que não podem ficar tão vulneráveis pois, caso ocorra algum acidente com os trabalhadores, eles não têm como pedir ajuda.

No caso de roubos de cabos e equipamentos, as conseqüências podem ser ainda piores, podem provocar queimaduras e mortes dos trabalhadores e dos próprios assaltantes. Também podem causar enormes prejuízos para empresas, consumidores, hospitais e, dependendo da gravidade, até um blackout. 

 Precariedade de banheiros  é retrato da gestão da Cemig

Os cortes da gestão da Cemig na manutenção dos prédios, galpões, pátiose banheiros, feitos sem critérios, afetam cada vez mais o dia a dia dos eletricitários.

Um dos vestiários da Plataforma do Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, que é usado por dezenas detrabalhadores do Plantão da Distribuição e de outros setores, é a prova do abandono da empresa.

O banheiro está sem box, sem porta, com o piso quebrado, a parede sem revestimento e o mictório está estragado. E essa situação não é de hoje. “Vão deixando as coisas para trás e assim vai deteriorando o nosso local de trabalho. O transtorno é maior nos dias em que falta água”, diz um trabalhador do Anel. 

Um eletricista destaca que opessoal contratado para a limpeza faz de tudo para manter o local limpo e  agradável, mas, como não é feita manutenção na estrutura e nos os equipamentos, o vestiário está deteriorado. “Já reclamamos com os chefes há anos, mas
nenhuma providência foi tomada. Isso aqui nunca ficou tão abandonado”, denuncia.

 Precariedade na SE Adelaide

Na Subestação Adelaide, também em BH, eletricitários enfrentam problemas semelhantes. Os banheiros usados pelos trabalhadores que realizam atividades de segurança e limpeza estão interditados há quase um ano e as equipes terceirizadas usam o banheiro de outro galpão que também está em condições precárias.

A rede de esgoto da unidade está parcialmente entupida, problema que frequentemente atinge os banheiros dos diversos galpões.

A gerência RH/RT foi procurada para responder as denúncias, mas não retornou até o fechamento do jornal.

O diretor do Sindieletro, Vander Meira, avalia que “com a crescente financeirização de tudo dentro da empresa, inclusive da vida, os gestores da Cemig vão esquecendo de que são pessoas que trabalham e utilizam os prédios e, portanto, têm direito a um mínimo de dignidade, segurança e saúde”.

 

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