A Justiça foi feita! É assim que o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) vê o resultado do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE/MG), na última quinta-feira (16). Por 4 votos a 2, os diretores (Beatriz Cerqueira, Lecioni Pereira, Denise de Paula, Feliciana Saldanha, Marilda Abreu, Paulo Henrique e Geraldo Miguel), foram absolvidos na Ação de Investigação Judicial Eleitoral proposta pela coligação que encabeçou a chapa do PSDB ao governo de Minas, nas eleições de 2014.
Na Ação movida, o PSDB e o então candidato ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, acusaram os diretores do Sindicato de "abuso de poder econômico" e "abuso dos meios de comunicação" por dizerem a verdade sobre a Escola Pública mineira. “Acusaram-nos de influenciar os resultados das eleições e pediram numa Ação de Investigação Judicial Eleitoral a suspensão dos nossos direitos políticos por 8 anos”, afirma Beatriz Cerqueira.
Vale lembrar que a campanha desenvolvida pelo Sindicato cumpriu uma deliberação aprovada em Conselho Geral e Assembleia Estadual pelos educadores mineiros. No entanto, o que parecia, num primeiro momento, uma simples ação de mídia, que é feita todos os anos pelo Sindicato, acabou ganhando proporções inimagináveis de um embate judiciário sem precedentes na história de Minas Gerais e do Sind-UTE/MG.
Ao dizer à sociedade que a educação mostrada pelas propagandas do governo é muito diferente da realidade em que os trabalhadores estão inseridos, o Sind-UTE/MG teve de suspender a mídia por várias vezes por imposição judicial. Foram ao todo movidos pela Coligação 25 processos contra o Sindicato.
Recorrer aos espaços comprados tem sido a estratégia do Sindicato há anos, uma vez que os meios de comunicação não divulgam a situação real da educação mineira. “Fomos processados por denunciar a situação caótica que vivenciamos no interior das escolas. Dizer a verdade não é crime. Queremos agradecer a todos pela solidariedade e ao nosso advogado Leonardo Spencer pela firma, especialmente, nos momentos em que fomos achincalhados”, reforça Beatriz.
Sobre a Campanha
O Sindicato contou com o trabalho do ator e humorista mineiro, Carlos Nunes, que participou com falas e exposição de imagens em todas as etapas da campanha. Num primeiro momento, foi mostrada a situação de descaso e abandono das escolas públicas, depois a carreira e por fim a qualidade da educação pública mineira.
Ao falar das condições da estrutura física de muitas escolas no Estado, o ator denunciou que as salas de aulas estão superlotadas e que há escola funcionando onde já foi um motel e outra em cima de um posto de gasolina.
Lembrou ainda que, nos últimos anos, o governo de Minas deixou de investir mais de R$ 8 bilhões em educação e encerrou as gravações com o apelo “Não deixe que a educação em Minas se torne uma piada de mau gosto”.
Solidariedade aos educadores mineiros e ao Sind-UTE/MG
“Quem fala a verdade não merece castigo”. Com esse slogan, os movimentos sindicais, sociais e populares, moveram uma onda de apoio e solidariedade ao Sind-UTE/MG e aos educadores mineiros, numa frente de repúdios aos ataques e à censura da Coligação do PSDB ao Sindicato.
No dia 27 de setembro, num grande ato, que reuniu mais de mil pessoas, os manifestantes se concentraram na Praça da Liberdade e depois caminharam pelas ruas centrais de Belo Horizonte. No trajeto, enquanto diziam palavras de ordem entoavam a voz num só coro: “Mexeu com os educadores, mexeu com os mineiros!”
Houve também ato público no Sindicato dos Bancários com participação de entidades de várias cidades de Minas e de outros estados da Federação e uma coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa para denunciar a tentativa de mordaça ao Sindicato.
A CUT Nacional, CUT/MG, CUTs Regionais, CUT Maranhão, Federações, Confederações, Sindicatos, movimentos sociais e políticos participaram das atividades, dia 22/09/14, no auditório do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, para denunciar a situação.
Repercussões do fato
“O Sind-UTE/MG conseguiu fazer um debate com a sociedade sobre a educação e isto incomodou o governo do Estado, que processou sete diretores do Sindicato, alegando campanha eleitoral negativa. Mas o tiro saiu pela culatra. Eles só conseguiram unir ainda mais o movimento sindical e os movimentos sociais, pois, os educadores não estão sozinhos.”, diz Jairo Nogueira Filho, secretário-geral da CUT/MG e coordenador-geral do Sindieletro-MG.
“Nós precisamos da solidariedade de classe. Nós estamos na luta de classes. Quando um de nós é arranhado e ofendido, todos nós somos atingidos. Se é guerra, é de todos. Não há especificamente um enfrentamento com o Sind-UTE em Minas Gerais. O enfrentamento é com o movimento social. Vamos levar à Organização Internacional do Trabalho (OIT) a denúncia contra o governo do Estado, de crime contra a organização do trabalho. Levaremos a nossa forma de fazer política para o mundo inteiro. Vamos mostrar o que acontece aqui em Minas Gerais”, acrescenta o presidente da CUT, Vagner Freitas.
“A perseguição ao Sind-UTE/MG não é um caso isolado. Que o diga o Renato Barros, do Sind-Saúde. A mordaça e a opressão ao sindicalismo é uma prática do governo. Me lembro do governo FHC. O trabalhador tem lado e sabe a quem precisa derrotar”, declara a Secretária Nacional de Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Reis Nogueira.
“O Quem Luta Educa começou durante a greve de 112 da educação em 2011. Tentar evitar que todos saibam o sucateamento que fizeram no Estado, na educação, que não cumprem a lei. Aqui tem escola em motel, o professor não tem o direito de se alimentar onde leciona. Se enganam, achando que vão resolver tudo processando, criminalizando, judicializando. Nós vamos lutar, vamos para as ruas e usar de todos os nossos meios para denunciar”, afirma Joceli Andrioli, do Quem Luta Educa e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Campanha 2015
O Sind-UTE/MG prossegue denunciando o que está errado na educação pública mineira. Uma nova campanha acaba de ser deflagrada pelo Sindicato com o lema: “Educadores e Educadoras: Minas precisa reconhecer o valor de vocês”. Além de cobrar o pagamento do Piso Salarial e a reconstrução da carreira, o Sind-UTE/MG busca o apoio da sociedade em suas lutas.
Fonte: Sind-Ute MG