Inferno na Cemig



Inferno na Cemig

Por Luiz Tito, no jornal O Tempo

Parlamentares da ALMG apuram denúncias e irregularidades na estatal

Matéria veiculada ontem (22/09) pelo portal O Tempo, assinada pelo jornalista Pedro Augusto Figueiredo, reportou as atividades da sociedade de investigação Kroll, que se sabe trabalhando dentro da intimidade da Cemig, nas suas informações e arquivos os mais confidenciais e referentes ao interesse empresarial da concessionária, do setor em que opera, das suas estratégias, no corpo e alma da estatal, para assim resumir, mesmo agora se sabendo que nesse momento de “arapongagem” sequer havia sido formalmente contratada para investigar atividades tidas como suspeitas de cinco empregados da sua área de compras.

Há nove meses afastados de seus postos de trabalho e com suas vidas reviradas com o requinte dominado por especialistas em investigações, esses empregados foram colocados em casa, e, ao que se sabe, até o momento, nada ainda se apurou, mesmo faturando R$ 3,4 milhões por um ano de serviços de investigações. Pelo menos é o que supõem alguns deputados da CPI que rola na ALMG.

Inferno na Cemig II

Por que a mesma Kroll não investiga os contratos feitos pela atual diretoria, em valores milionários, sem licitação?

É conhecida a eficiência técnica da Kroll em espionagem eletrônica, como também é sabido que já foram presos pela Polícia Federal empregados seus, suspeitos de realizarem a um tempo tais serviços contra a intimidade de membros do governo federal, no caso em que estariam arrolados uma concessionária de telefonia e um grande banco de investimentos.

Várias dúvidas pairam no ar: por exemplo, por que uma empresa estatal como a Cemig, com serviços próprios de compliance, auditorias internas e externas bem-remuneradas, especialistas em segurança empresarial, tem que contratar sem licitação uma Kroll e lhe pagar R$ 3,4 milhões? Quem vai atestar a legalidade dessas investigações? Por que a mesma Kroll não investiga os contratos feitos pela atual diretoria, em valores milionários, sem licitação?

Inferno na Cemig III

Apurações sobre supostas irregularidades na estatal mineira estão sendo feitas pela CPI

E se tratando de empresa pública, como é a Cemig, com ações em Bolsas brasileiras e no exterior, não seria prudente que o Ministério Público do Estado, o Tribunal de Contas do Estado de Minas, a Advocacia e a Corregedoria Geral do Estado estivessem presentes ao desenrolar de tais investigações?

A Kroll está investigando também as empresas que corromperam tais empregados e suas decisões, com as quais supostamente as tenham beneficiado, na contratação de serviços e em compras?

A Kroll vai investigar os estoques de materiais utilizados na construção de linhas subterrâneas e postes, depositados em almoxarifados de empreiteiras e depois supostamente empregados na execução de obras particulares, condomínios de luxo, entre estes, para citar apenas alguns, nas cercanias de Nova Lima e em Tiradentes?

Inferno na Cemig IV

Por que foram canceladas três licitações, com ofertas MUITÍSSIMO mais econômicas e efetivamente desprezadas?

A Kroll vai investigar a razão das compras feitas recentemente de ferragens por valores extraordinariamente mais caros, SEM LICITAÇÃO, disfarçadas em 498 pedidos com valores inferiores a R$ 50 mil, porque até esse valor tal procedimento a lei permite? Mas são 498, que montaram a R$ 24,8 milhões. Por que foram canceladas três licitações, com ofertas MUITÍSSIMO mais econômicas e efetivamente desprezadas, quando os valores das recentes compras de ferragens eram menores em mais de 45% do que foi agora efetivamente pago?

Inferno na Cemig V

A Kroll vai investigar a denunciada interferência política nas decisões de uma empresa estatal?

A Kroll vai investigar a denunciada interferência política nas decisões de uma empresa estatal? A Kroll vai investigar o relacionamento da atual diretoria da Cemig, especialmente na seleção do seu presidente, Reynaldo Passanezi Filho, com a empresa Exec e o suposto envolvimento nesse processo do Partido Novo e do sr. Evandro Veiga Negrão de Lima Neto? A Kroll vai investigar a comprovada adulteração dos laudos técnicos feita para prejudicar uma fábrica mineira de transformadores, para excluí-la como fornecedora desses equipamentos, fazê-la demitir 250 trabalhadores e acelerar sua incapacitação financeira?

Para finalizar o inferno

O que ora se pede e se espera é o mínimo de zelo, de probidade, de decência

Se não for por esse caminho, senhor governador, senhores deputados, senhores membros do Ministério Público de Minas Gerais, do Ministério Público de Contas, do Tribunal de Contas do Estado de Minas, profissionais das auditorias externas contratadas e da auditoria interna, do Conselho Fiscal da Cemig etc., etc., etc.: peçam demissão, que é mais próprio.

Tudo isso que está aqui relatado já foi excessivamente denunciado e levado ao conhecimento público de autoridades que deveriam, com tais informações, fazer o que suas funções lhes impõem. E quem disser que não sabe, por dever de ofício, por responsabilidade para com o patrimônio público, em nome da moralidade, deveria saber. O que ora se pede e se espera é o mínimo de zelo, de probidade, de decência.

item-0
item-1
item-2
item-3