Em sua 28º edição, o Grito das Excluídas e Excluídos levou milhares de pessoas às ruas de Belo Horizonte, na manhã e início da tarde da quarta-feira, 7 de setembro, data em que se comemorou os 200 anos da Independência do Brasil. Mais uma vez, o tema principal foi “Vida em primeiro lugar”. Mas, neste ano, acrescido da pergunta: "Independência para quem?". Temas como violência estrutural, desemprego, desigualdade social, falta de moradia, dívida pública, direitos sociais, educação popular, segurança alimentar, democracia e a proteção aos territórios indígenas foram tratados.
A concentração, ato e marcha foram realizados na Lagoinha, bairro mais antigo da capital mineira, uma localidade degradada e que simboliza, com o número crescente de moradores de rua, o desgoverno que tomou conta do país. Os manifestantes interagiram com a comunidade e com os moradores de rua. A concentração aconteceu na Praça Vaz Mello. A marcha seguiu pela Rua Itapecerica e chegou à Ocupação Pátria Livre, organizada pelo Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), que completou cinco anos. Lá se apresentaram outros grupos artísticos, entre eles o Cavalo Marinho.
O protesto uniu movimentos sindical, sociais, populares, baterias dos blocos Sou Vermelho, Leão da Lagoinha e Afoxé Bandarerê e o grupo folclórico Cavalo Marinho. Antes da marcha, um grupo de mulheres indígenas fez uma mística, na abertura da atividade, na Praça Vaz de Mello.
“Realizamos uma manifestação muito importante, com muita participação popular, que demonstra que o povo está unido na luta pela esperança, pela dignidade e na defesa da democracia. E o Grito hoje é de independência da classe trabalhadora, na luta pela revogação das reformas trabalhista e da Previdência. Na verdade, a Independência só acontecerá quando não tiver fome, falta de moradia, desemprego e desigualdade social”, afirmou Jairo Nogueira Filho, presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG).
“A Pedreira acolhe a todas e todos neste dia em que nos unimos contra este desgoverno. É o dia que simboliza a virada, a nossa luta por uma Brasil melhor. Fora Bolsonaro. Fora Zema”, disse Valéria Borges Ferreira, que prefere se identificar como referência comunitária do aglomerado.
“É muito importante, no aniversário de 200 anos da Independência, virmos para o bairro mais antigo de Belo Horizonte. E contar com o envolvimento da comunidade, na população de rua, dos movimentos sindical, sociais, populares e lideranças políticas. Num ato e numa marcha que contou, também, com grupos culturais da região. Passamos pelas comunidades do Buraco Quente, da Vila Nosso Senhor dos Passos e chegamos à Pedreira Prado Lopes. E termos milhares de pessoas para dialogar com a população e propor a disputa do que é a Independência neste 7 de Setembro”, analisou Frederico Santana Rick, do Vicariato Ação Social e Política da Arquidiocese de Belo Horizonte, umas entidades que organizaram o 28º Grito das Excluídas e dos Excluídos.
"Dialogamos principalmente com a população de rua que vive no entorno da região. No encerramento, fizemos uma atividade política e cultural na ocupação, demos voz e vez à população", conta Jair Gomes Pereira Filho, também organizador do Grito das Excluídas e dos Excluídos.
Desde 1995, movimentos populares, grupos da sociedade civil e ordens religiosas se unem no dia 7 de setembro contra as mais variadas formas de exclusão. No marco dos 200 anos de sua Independência, o Brasil convive com o aumento da desigualdade social, a volta ao mapa da fome, altos índices de desemprego e a ampliação da crise ambiental.
O 7 de setembro deste ano aconteceu em um período histórico especial. Vivemos sob um governo de extrema-direita, que impulsiona o aprofundamento da crise econômica, política, ambiental, social e sanitária no Brasil. Estamos também às vésperas de uma eleição que exige uma campanha-movimento que dispute o voto, mas também as ruas, os valores e as ideias. Disputamos a possibilidade de presente e de futuro do povo brasileiro como Nação.
Fonte: CUT Minas, por Rogério Hilário