Trabalhadores e trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) denunciaram, durante manifestação de quarta-feira (12), no Centro de Belo Horizonte, retaliações da empresa, que vem atacando o direito de greve. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Telégrafos e Similares em Minas Gerais (Sintect-MG), Robson Silva, a ECT ameaça cortar os salários, já cortou o tíquete dos grevistas e as chefias estão pressionando a categoria a retornar ao trabalho, ignorando que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) reconheceu a legitimidade do movimento na semana passada. Segundo Robson Silva, um relatório com as denúncias vai ser analisado pelo TST.
Na manhã da quinta-feira (13), trabalhadores e trabalhadoras dos Correios voltaram a protestar em Belo Horizonte. Eles se concentraram em frente ao maior complexo operacional dos Correios, no Anel Rodoviário, altura do Bairro São Francisco, na Pampulha.
A categoria paralisou as atividades em defesa do Correio Saúde, o plano de saúde dos servidores, que a empresa está privatizando. Trabalhadores e trabalhadoras também reivindicam a mudança da entrega de correspondência para o período da manhã. Segundo a categoria, a empresa estaria descumprindo o próprio acórdão do TST, que impede a ECT de mexer no convênio médico sem o consentimento dos trabalhadores.
O Sintect-MG informou que o novo plano de saúde foi implantado no dia 1º de janeiro e não houve negociação. Ainda de acordo com a entidade sindical, filiada à CUT, 16 sindicatos em todo o Brasil aderiram a paralisação e o objetivo é negociar a volta do plano, já que os funcionários dos Correios não arcavam com seu custo. A greve deve ser deflagrada em assembleia programada para Alagoas.
Grevistas e comando de greve definiram encaminhamentos para o movimento. Uma das propostas é organizar mais mobilizações e manifestações, nos mais diversos setores da empresa, para ampliar as adesões à greve, deflagrada no dia 29 de janeiro.
“Chefes estão pressionando nossos companheiros a retornar ao trabalho, cortaram o tíquete, ameaçam cortar benefícios e os salários dos grevistas. Não vamos admitir a retaliação. Esta é uma greve por tempo indeterminado e considerada legítima pelo TST. Os Correios não podem cortar salário, nem o tíquete pode ter desconto”, protestou Robson Silva. Ele reiterou que a manutenção do Correio Saúde é um ponto de honra para a categoria. “A saúde do trabalhador não pode ser tratada como fonte de lucro. A empresa quer entregar a saúde para capitalistas. O trabalhador não pode pagar para tratar de doenças ocupacionais geradas pelas atividades que exercem nos Correios.”
Na última sexta-feira (7), o ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, do TST, determinou liminarmente, que pelo menos 40% dos empregados dos Correios devem permanecer em atividade em cada uma das unidades da empresa. Vitral fixou multa diária de R$ 50 mil, a ser paga pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect-CUT), em caso de descumprimento da decisão, mas atendeu apenas parcialmente ao pedido liminar interposto pela ECT, que queria permanência mínima de 80% do pessoal no trabalho.