Em greve desde o dia 14, metroviárias e metroviários decidiram manter a paralisação total do Metrô de Belo Horizonte em assembleia realizada na manhã de sábado, 25 de fevereiro, na Estação Central. A categoria, representada e organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG), luta contra a privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU-MG) e pelos empregos de 1.600 trabalhadoras e trabalhadores concursados.
O Sindicato organiza uma caravana a Brasília, que sai da capital mineira no final da tarde de segunda-feira (27), para realizar ato no Distrito Federal com o objetivo de pressionar o governo federal e conseguir que a categoria seja recebida pelo presidente Lula (PT) na terça-feira (28). Nova assembleia está marcada para o dia 2 de março, quinta-feira, às 17 horas, na Estação Central.
A presidenta do Sindimetro/MG, Alda Lúcia Fernandes dos Santos, reafirmou a disposição de luta da categoria, apesar da pressão do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região aumentar a cada dia. “A multa diária, durante o Carnaval, foi de R$ 150 mil. Agora é de R$ 200 mil por dia. Se não tiver dinheiro nas contas do Sindicato, vão bloquear as contas dos dirigentes sindicais. A intenção é proibir que exerçamos o direito de greve. Isso foi arquitetado na Justiça. O TRT quer que fraquejemos. Todos sabiam da nossa situação. Houve audiências em todas as instâncias. Desde 2019 estamos pedindo ajuda, socorro. Contamos com apoio do deputado federal Rogério Correia (PT), da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), da CUT Estadual, da CUT Nacional. Só houve promessas, nada de oficial.”
“Daqui a 12 dias o contrato pode ser assinado e 1.600 pessoas estarão em uma empresa privada. Se conseguirmos adiar a assinatura do contrato, já será uma vitória. Se houver realocações de metroviárias e metroviários ou manutenção dos empregos, será também uma vitória para nós. O que sentimos é o descaso com a categoria metroviária. Fomos a primeira categoria a ter um acordo coletivo. Se privatizar aqui, vão privatizar a gente. Como fica o acordo coletivo? Temos que mostrar lá, em Brasília, a nossa força, fazer barulho. Mercadante não nos vai receber? Vamos estar lá assim mesmo. E falar: Lula, cumpra o que você falou. Vamos cobrar isso dele. Estaremos lá brigando pelos nossos empregos. É a nossa última chance. O governo tem que ter sensibilidade com a gente”, afirmou Alda Santos.
“A greve é um mecanismo legítimo da classe trabalhadora. É luta, é resistência, é persistência. Não acabou. Como não haverá o encontro, na próxima terça-feira (28) com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloísio Mercadante, que estará reunido com o presidente Lula, a ocupação de Brasília por vocês torna-se ainda mais importante. Metroviárias e metroviários de Belo Horizonte conseguiram nacionalizar a greve. O Brasil inteiro conheceu o movimento de vocês e suas lutas. O prefeito disse que a paralisação não teria efeito no Carnaval e a CBTU admitiu que houve prejuízo de R$ 6 milhões. Vocês demonstraram o quanto a categoria é fundamental para o transporte público”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira Filho.
“Mas, é preciso identificar quem são os nossos inimigos. Temos que procurar Lula como parceiro. Nossos inimigos são Bolsonaro, responsável pelo processo de privatização do Metrô, e Zema, que concretizou no dia 22 de dezembro o leilão da venda da CBTU-MG. Durante nossa caminhada, houve negociações e ações contra este projeto. É um processo difícil, reconheço. A privatização da Ceasa foi suspensa com ação judicial. Se Bolsonaro vencesse a eleição, não teríamos qualquer chance e estaríamos debatendo por um ângulo diferente. Na ocupação de Brasília, vocês podem contar com a CUT Nacional, com os sindicatos CUTistas de lá. A vitória de vocês será de toda a classe trabalhadora e mostrará que a luta vale, que a greve vale, que a resistência vale. E que a gente enverga, mas não quebra, mesmo com os ataques da Justiça”, acrescentou Jairo.
Tatiana de Almeida, funcionária da CBTU-MG, resumiu os sentimentos dos metroviários. “Insegurança e abandono. Para mim, o martelo da privatização vai gerar esquecimento. O Metrô vai ser esquecido, os usuários serão esquecidos e os funcionários também vão ser esquecidos.”
Fonte CUT Minas, Rogério Hilário