Governo Bolsonaro quer driblar resistência contra privatização da Eletrobras



Governo Bolsonaro quer driblar resistência contra privatização da Eletrobras

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes seguem com a ideia de viabilizar a privatização da Eletrobras a qualquer custo. Após o Congresso Nacional apresentar resistência ao processo, o governo federal reservou R$ 4 bilhões no orçamento de 2020 e deu início à execução do plano, criando uma estatal para reunir parte das operações da empresa, após a venda.

A ideia do governo federal é privatizar “parcialmente”, o que driblaria a oposição e também os impeditivos jurídicos. A nova estatal controlaria apenas a Eletronuclear, uma subsidiária da Eletrobras, que administra, hoje, as usinas de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e tem sociedade com a Itaipu Binacional, no Paraná.

“Já que têm uma resistência sobre a privatização da empresa, eles estão tentando fracionar essa privatização para que se concretize a venda da Eletrobras. Esse é um projeto da direção da própria empresa”, explica Nailor Gato, vice-presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), em entrevista ao repórter André Gianocari, da TVT.

Por outro lado, o diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), Roberto Pereira D’Araujo, diz que a Eletobras sofre com a falta de investimentos e está sucateada. “Nosso racionamento, em parte, foi porque anunciou-se que seria vendida toda a Eletrobras e houve uma falha nos investimentos. Foi proibido que a empresa investisse para ter lucro e outras empresas comprassem”, criticou.

Oposição à privatização da Eletrobras

A equipe econômica do governo federal começou a negociar com parlamentares para que a tramitação do processo de privatização seja realizada a partir do Senado, e não pela Câmara dos Deputados. Além disso, o ministro da Economia, Paulo Guedes , quer incluir a proposta no “megapacote” econômico, que deve ser anunciado nos próximos dias.

Defensores da estatal têm se mobilizado junto a deputados e senadores para barrar a proposta. “A Eletrobras é a maior estatal elétrica da América Latina, responsável por geração e transmissão. Ainda é lucrativa, distribui dividendos à União e tem políticas públicas sociais e ambientais”, afirma Nailor Gato.

O projeto de lei inicial sobre a privatização da Eletrobrás foi enviado pelo governo ao Congresso em novembro do ano passado. Até agora, o texto ainda não teve debates iniciados nem relator definido na Câmara.

O sistema de energia é estratégico no Brasil e em outros países, e colocá-lo à venda pode comprometer a soberania nacional, afirmam os especialistas. “Existem nove países que têm liderança na produção de hidroeletricidade: China, Brasil, Canadá, Rússia, Estados Unidos, Suécia, Venezuela, Índia e Japão. Os japoneses são os únicos que têm tudo nas mãos da iniciativa privada e sabe quanto é a hidroeletricidade em relação ao consumo? Só 7%, Enquanto 70% da nossa energia vem da hidroeletricidade”, finalizou.

Fonte: Rede Brasil Atual

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