Junto com a tramitação no Congresso para o corte de investimentos nas áreas sociais, é claro o movimento orquestrado da imprensa para acobertar a retirada de diretos básicos dos trabalhadores. E para enfraquecer a educação e a saúde públicas, jornais como o Globo, Folha de São Paulo e a revista Veja defendem a retirada de investimentos do governo nessas áreas e argumentam a favor da entrega dessas atividades estratégias para investidores privados.
Enquanto a tendência mundial tem sido a de estatizar o ensino superior e não privatizá-lo, a Rede Globo, sugere ao governo interino privatizar universidades públicas com a cobrança de mensalidades. A experiência internacional mostra que a privatização das universidades é um fracasso e só produz desigualdade, injustiça social e exclusão.
Mas os jornais brasileiros omitem essa realidade e também não mostram que a taxa de acesso ao ensino superior no Brasil ainda é vergonhosa. Apenas 17% da população com idade entre 18 e 24 anos está cursando graduação. Sem investimento público a situação só vai piorar. E pobre ficará ainda mais distante do ensino superior.
A proposta de privatização do ensino defendida pelo governo Temer e a imprensa também contraria o Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê a necessidade de pelo menos mais 2 milhões de matrículas nas universidades públicas para os próximos 10 anos. Tal mudança contradiz ainda o Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), para a redução das desigualdades sociais. Segundo o estudo, “cada R$ 1 gasto com educação pública gera R$ 1,85 para o PIB.
A serviço do golpe, jornais, revistas, sites e TVs também minimizam o estrago da tomada de poder sobre programas de incentivo à educação e à profissionalização técnica, como Pronatec, Prouni e Fies, que não abriram novas vagas neste ano. Desmedida em seu descompromisso com o país, a revista Veja, mais uma vez, fez o serviço mais sujo de disseminação do ódio. A Veja publicou em julho o artigo “Professor ganha mal?”. No texto, o autor, Claudio de Moura Castro, desrespeita uma das categorias mais exploradas, desgastadas e mal remuneradas do Brasil. Num artigo encomendado, chama a profissão de "bico" e os professores de marajás da educação, classificando de “privilégios” direitos devidos ao professor.
O autor também culpa exclusivamente os professores pelas deficiências de aprendizagem no país e defende o fim do Piso Salarial Profissional Nacional (uma conquista após dois séculos de lutas dos professores). A revista investe contra a aposentadoria especial - outro alvo dos ataques de Michel Temer- que é uma necessidade real de trabalhadores após 25 anos de trabalho em salas de aula superlotadas, sem condições ambientais, em escolas marcadas pela violência e baixo rendimento salarial.
Além dos ataques à educação e aos professores, a Globo, que nos anos 1960 fazia campanha descarada contra o 13º salário, dizendo que esse benefício era “desastroso para o país” (veja a reprodução de jornal da época), agora também defende a Reforma da Previdência com mudanças que só penalizam o trabalhador. Globo, a gente não se vê lá!