A Cemig divulgou, na segunda-feira (1º), leilão eletrônico para vender 59 propriedades da companhia em praticamente todas as regionais mineiras. Serão dois imóveis na Metropolitana, quatro na Triângulo, 27 no Norte de Minas, seis na Zona da Mata, 13 no Sul de Minas e três na regional Oeste. O leilão segue até o dia 7 de maio.
Especificamente no Triângulo, “os valores vão de R$ 250 mil por um imóvel de 1.812 m² em Planura, a R$ 7,8 milhões, lance inicial em um imóvel que ocupa um quarteirão no centro de Araxá, com 4.763 m² de área total. Os outros imóveis à venda no Triângulo estão situados em Uberlândia e em Ituiutaba”.
Há cerca de cinco anos houve tentativa de venda da sede de Araxá, mas os trabalhadores e o Sindieletro conseguiram barrar a ameaça. Agora, contrariando as reais necessidades dos trabalhadores e da população da região, o imóvel será vendido para dar continuidade ao processo de desidratação da estatal.
Os gerentes das equipes de Araxá e Uberaba ficaram responsáveis por avisar os trabalhadores sobre o leilão, mas não possuem informações sobre o processo de desocupação e realocação das equipes, veículos e ferramentas.
Segundo Anderson Moreira Alves, Gerente da Regional do Triângulo - SD/TR, foi informado que no contrato de quem vencer a licitação haverá cláusula garantindo a permanência da Cemig no imóvel por até 12 meses. Dessa maneira, neste período seria preparado um novo local para as equipes que lá atuam – SD, EM, RC e EA.
No entanto, os trabalhadores precisam de mais clareza sobre o que acontecerá em seguida. A questão perpassa a sanha privatista da gestão Zema, mas também é sobre os percalços objetivos e cotidianos das equipes, que precisam lidar com as limitações no serviço e a revolta da população com o atendimento sucateado. Em vez de melhorar as condições de trabalho e atendimento, a gestão opta por vender ativos.
As redes e instalações em Araxá estão em situação de baixa manutenção, com quadro de trabalhadores aquém do necessário para realizar os serviços. No final de 2023 houve apagão por conta de problemas na subestação Araxá 1. O momento seria de recompor os ativos e dar manutenção à rede, mas a gestão caminha na direção contrária.
Desidratar para privatizar
O motivo do desinvestimento é claro: tornar a Cemig atrativa ao mercado, uma vez que a estatal ainda não foi privatizada. Em meio à efervescente discussão sobre as alternativas, incluindo a possível federalização nos próximos meses, a gestão rentista de Romeu Zema procura meios para concluir seu projeto. Vender ativos como instalações de distribuição e geração de energia é um método óbvio para inviabilizar as operações e, consequentemente, justificar a venda.
Diversos trabalhadores entraram em contato com a direção do Sindieletro para externar suas preocupações em relação à venda do imóvel e aos processos de trabalho. Não é justificativa plausível dizer que o imóvel é grande para um número pequeno de trabalhadores, ou citar custos de manutenção. É difícil encontrar imóveis que comportem os trabalhadores, os equipamentos e veículos. A decisão não leva em conta a saúde dos profissionais, a segurança nos procedimentos e a qualidade do atendimento à população.
Uma gestão que não é composta por pessoas que tem história na Cemig não possui a empatia tampouco o arcabouço crítico para compreender as diversas consequências para os trabalhadores e o povo. Criam insatisfação geral e contínua.
O Sindieletro entrou em contato com gerentes e coordenadores, mas nenhum tinha autorização para fornecer informações adicionais. Também entramos em contato com Ivna de Sá Machado, gerente de Imóveis na Cemig, mas não tivemos retorno até o fechamento dessa reportagem.