A gestão da Cemig continua privilegiando o lucro em detrimento da vida. Durante o pior momento da pandemia, insistem em colocar a vida dos trabalhadores e seus familiares, além de clientes e a sociedade em geral, em risco, ao continuar exigindo a realização de atividades que não são emergenciais e, portanto, não deveriam estar sendo executadas.
Um exemplo são as atividades desempenhadas pela equipe de Inspeção de Consumidores, responsável, em grande parte, pela recuperação de despesas da empresa. Essa equipe visita os consumidores para verificação de fraudes e/ou mau funcionamento de medidores, realizando a troca quando é necessário. Porém, por lei, em toda visita os consumidores têm o direito de acompanhar a realização dos serviços, o que inviabiliza uma das medidas de proteção contra a transmissão do novo coronavírus: a distância mínima de dois metros entre as pessoas.
Há duas semanas, por exemplo, uma dupla de eletricistas da equipe de Inspeção de Consumidores do Anel Rodoviário realizou a inspeção de um cliente cujo padrão era interno. Ao pedir a autorização para a realização do serviço, foram atendidos por uma criança. A criança chamou sua mãe, que não se encontrava no local, e a equipe aguardou a chegada da cliente para realizar o serviço. Foram acompanhados durante toda a tarefa pela consumidora, que, ao se despedir, informou aos eletricistas que não estava em casa antes por estar infectada com a covid-19.
Esse episódio demonstra o risco ao qual esses trabalhadores estão expostos diariamente e desnecessariamente. A equipe de Inspeção de Consumidores do AR tem, aproximadamente, 100 trabalhadores. Essa mesma equipe foi parabenizada por seu gerente recentemente, pelo apoio constante às outras equipes, inclusive com a realização de diversas horas extras. Porém, os trabalhadores se sentem desprestigiados ao reivindicarem trabalhar em dois turnos de seis horas corridas – para diminuir o tempo de exposição ao risco –, e serem informados pela gestão da empresa que isso não é possível, pois pode afetar a “produtividade”.
Distanciamento nas salas não está sendo cumprido
O desrespeito também foi demonstrado ao remanejarem os trabalhadores para uma sala menor, a fim de disponibilizar a sala antiga para contratados que desempenham uma atividade conhecida como “gestão de tela”. Os funcionários foram informados que a mudança seria provisória, até que se preparasse outra sala para acesso dos eletricistas aos computadores. No entanto, depois de várias semanas, a tal sala sequer começou a ser preparada.
Como o espaço da sala atual é muito pequeno, os trabalhadores se aglomeram no início e ao fim da jornada para terem acesso aos documentos relativos às suas atividades. Todo esse descaso e desrespeito à vida de seus trabalhadores demonstrado pela gestão da Cemig é inaceitável. Cobramos que a Cemig cumpra, no mínimo, os protocolos que ela mesma estabeleceu e que foram reforçados pelo atual presidente da empresa, Reynaldo Passanezi, em um vídeo corporativo destinado aos trabalhadores.
No comunicado, Passanezi afirmou que mudanças de horário e revezamento estavam sendo feitos nos setores para que não houvesse aglomerações e ocorresse um contato mínimo entre os funcionários. Mas os trabalhadores seguem inseguros e com medo de se contaminarem, além de se tornarem vetores de transmissão dessa doença que já ceifou tantas vidas, podendo contaminar seus familiares, colegas de trabalho e os clientes com os quais tenham contato.
Seguimos exigindo da gestão da Cemig que respeite os seus trabalhadores, permitindo-lhes vida, trabalho e dignidade.