Gerente tenta interferir na organização dos trabalhadores



Gerente tenta interferir na organização dos trabalhadores

O modelo de gestão das empresas consideradas ruins para se trabalhar, hoje, incluindo a Cemig, é de  pressões, intimidações e assédios no ambiente de trabalho. É também pela interferência nas atividades dos sindicatos, como se as entidades que representam legitimamente os empregados fossem os piores dos males para a classe trabalhadora.

 Na Cemig muitos gestores reproduzem um processo de trabalho que controla através da truculência e causa uma ambiente adoecedor. Nunca há diálogo.

Exemplos surgem por toda a parte na Cemig. O mais recente aconteceu no último dia  05, no Anel Rodoviário, com repercussões em vários locais de trabalho, em BH e interior, durante a reunião “Momento de Segurança”. Segundo relatos de trabalhadores para o Sindieletro, inclusive alguns que trabalham no interior, o gerente de Manutenção de Ativos da Transmissão Centro Norte da Cemig (MT/CN), Daniel Augusto Braz, interrompeu a reunião, realizada presencialmente no AR e também por Skype, para criticar e expor a equipe de manutenção de linha do Barreiro. A equipe foi convocada a comparecer no AR no horário em que o Sindicato realizava a assembleia sobre alternativas para fortalecer as lutas da categoria.

O gerente teria questionado a participação dos trabalhadores em assembléias do Sindieletro e afirmado para  todo mundo ouvir, eletricitários da Grande BH e interior, que não era para eles ficarem “conversando com o sindicato”.  E destacou: “Que isso não se repita!”. Dezenas de trabalhadores que não estavam presentes no Anel ouviram a intimidação. Alguns ficaram indignados e procuraram o Sindieletro, afirmando que o comportamento de Daniel Augusto Braz foi  desrespeitoso, autoritário e com interferência na organização dos trabalhadores.

Gerente tem histórico de perseguições

O que aconteceu no Anel Rodoviário envolvendo o gerente Daniel Braz  não foi fato isolado. Ocorre  em toda a Cemig e deve ser sempre denunciado. Mas,  no caso dele, o histórico pesa contra, há anos.  Daniel entrou na Cemig como eletricista, depois passou em novo concurso para o cargo de engenheiro e tornou-se gerente da TR, em Barbacena, na região da Mantiqueira.  Depois foi transferido para Belo Horizonte.

O ex-coordenador da Regional Mantiqueira e atualmente diretor de Saúde e Segurança do Sindieletro, Gilmar de Souza Pinto,  revela que na região  o Daniel deixou um rastro de abusos. Gilmar lembrou que, quando assumiu a coordenação da Regional, em 2009,  o Sindicato recebeu denúncias de uma série de assédios cometidos pelo gerente. Na época, os trabalhadores denunciaram o péssimo clima de trabalho, a truculência, as ameaças. O diretor também lembrou que a Gerência de Daniel na época, responsável por eletricitários da região de  Barbacena até Juiz de Fora  obteve a pior avaliação do clima em toda a Cemig.

Outra prática do gerente, contou Gilmar, é tentar interferir nas atividades do Sindicato. Além de não votar e não assinar as listas de presença das assembleias, constrangia e intimidava os trabalhadores.  

“O exemplo de Daniel é apenas um entre muitos que ocorrem na Cemig. A truculência faz parte da gestão das empresas de promover um processo de trabalho com assédios, intimidações e perseguições, tudo para que os trabalhadores não lutem por seus direitos”, avaliou.

Não aceitamos interferência!

O coordenador da Regional Metropolitana do Sindieletro, Ronei Cardoso, repudiou a atitude do gerente e destacou que o Sindicato não aceita interferência de gestores da Cemig na organização dos trabalhadores.  “Estamos avisando: não interfiram nas nossas atividades, se houver interferência, vamos tomar as medidas cabíveis”, destacou. Além disso, as assembléias foram amplamente divulgadas com publicação de edital e os trabalhadores tem direito de participar livremente.  Ronei também avaliou que as ameaças, perseguições e intimidações contra os trabalhadores fazem parte de um modelo de gestão para calar a boca da classe trabalhadora.

Resposta do gerente

O gerente Daniel Braz negou que tenha intimidado e tentado interferir na organização dos trabalhadores. Segundo ele, a reunião estava convocada previamente, e que o “Momento de Segurança” ocorre mensalmente. Revelou que participaram 60 trabalhadores próprios e 10 contratados.

Segundo Daniel, a reunião foi interrompida pelos trabalhadores da Equipe de Linhas da SE Barreiro e não por ele. Segundo ele, os trabalhadores chegaram atrasados e informaram que estavam numa assembleia do Sindieletro. “Respondi que a participação em assembleia é importante, mas o compromisso da reunião já assumido por todos devia ser honrado naquele horário”, disse. Daniel negou a  falta de diálogo, ambiente ruim e autoritarismo, e sugeriu que o Sindieletro conversasse com mais trabalhadores para comprovar que não há desrespeito.

Não foi, contudo, o que vários trabalhadores disseram. O Sindieletro ouviu mais eletricitários, da região da Mantiqueira, do AR e outros locais. Todos disseram que há autoritarismo e clima ruim.

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