Geração Paulinho da Viola, Caetano, Gil e Milton chega aos 80 com tudo



Geração Paulinho da Viola, Caetano, Gil e Milton chega aos 80 com tudo

Os dramas da 2ª Guerra Mundial, que estava exatamente na metade, atravessaram o ano de 1942. Em agosto, por exemplo, o Brasil declarava guerra ao chamado Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão, depois de ter vários navios torpedeados em sua costa, matando centenas de pessoas.

Foi também o ano que marcou o início da Batalha de Stalingrado, momento decisivo do conflito, quando os russos, mesmo quase destroçados, conseguiram resistir ao avanço das tropas nazistas. O episódio levou o poeta Carlos Drummond de Andrade a escrever Carta a Stalingrado.

Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.
Saber que vigias, Stalingrado,
sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantes
dá um enorme alento à alma desesperada
e ao coração que duvida.

Mas 1942 testemunhou também o nascimento de uma geração de futuros talentos musicais, em todo o mundo, mas particularmente no Brasil. Assim, neste 2022, quatro dos principais músicos da cultura nacional vão completar 80 anos, ainda produzindo e se apresentando: Gilberto Gil (26 de junho), Caetano Veloso (7 de agosto), Milton Nascimento (26 de outubro) e Paulinho da Viola (12 de novembro).

Clara e Nara

Jorge Benjor também está entre os músicos brasileiros que chegam aos 80 anos, em 22 de março. A lista se amplia com artistas que já partiram, como Agepê, Clara Nunes, Nara Leão e Tim Maia. Fora do Brasil, sir Paul McCartney vira oitentão poucos dias antes de Gil, em junho. E outros também virariam, como Aretha Franklin, Brian Jones e Jimi Hendrix. Esses dois últimos morreram com apenas 27 anos.

Em outubro do ano passado, ao completar 79 anos, Milton indicou que 2022 poderá ser o momento de sua despedida dos palcos. Pelas redes sociais, ele anunciou a realização de uma turnê, que ganhou o simbólico nome de A última sessão de música nome de uma composição da década de 1970.

Não houve pronunciamento explícito. Mas o anúncio da temporada foi feito ao som de Encontros e despedidas, composição de 1981 (Milton e Fernando Brant).

Novamente no palco

Já Paulinho voltou a se apresentar no final de 2021, com o repertório do álbum Sempre se pode sonhar, vencedor do prêmio Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Samba. Ele deveria participar do programa de estreia do apresentador Fausto Silva na Band, amanhã (17), mas cancelou sua presença porque quatro pessoas de sua família testaram positivo para covid.

“Ainda que o resultado do meu teste tenha sido negativo, e tenha tomado as três doses da vacina, achei mais prudente e respeitoso permanecer isolado até que não haja nenhum risco de transmissão”, escreveu Paulinho em rede social. “Aproveito para dizer que estão todos bem em minha casa e, por isso mesmo, reforço a importância da vacinação, inclusive com a dose de reforço.”

Gil imortal

Já o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil foi eleito, em novembro, para a Academia Brasileira de Letras (ABL). A posse está prevista para março. Antes disso, ele tem show previsto para fevereiro, no Teatro Castro Alves, em Salvador.

No final do ano, Gil divulgou apelo por doações para famílias desabrigadas devido a enchentes na Bahia. Em 31 de dezembro, ele publicou mensagem com reflexões sobre a humanidade.

“Nós, os homens, somos pecadores e estamos sempre entre a virtude e o pecado. Numa situação de pressão mais aguda, acerca do que somos e o que devemos ser, essa dimensão da realidade fica mais evidente. Em alguns aspectos há progressos nas relações sociais, mas em outros aspectos não. Continuamos conservadores, reacionários por vezes. No aspecto da solidariedade, que neste momento seria mais exigida, existem aqueles que reagem melhor e outros, pior. Desigualdades foram escancaradas. Há um descompasso muito grande entre as possibilidades de uns e as de outros. O modo como os mais pobres são mais afetados”, disse Gil.

“Ao mesmo tempo, o esforço de avançar continua. Um evento dramático e drástico ajuda a humanidade a fortalecer o seu desejo de querer ir mais à frente e encontrar formas de amparar os mais necessitados. A esperança geral é que nós tenhamos condições de avançar em relação a um padrão genericamente aceito de nos relacionarmos.”

Agenda cheia

Caetano, por sua vez, segue fazendo shows e lançou álbum, Meu Coco, por enquanto sem versão física. Ele tem ampla agenda de apresentações já confirmada, de abril a junho, em Belo Horizonte, Porto Alegre, Itaipava (RJ), São Paulo, Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Brasília. Nos últimos dias, recordou os 50 anos de seu retorno ao Brasil, após exílio imposto pela ditadura, e do álbum Transa, gravado em Londres.

Nascidos no meio da guerra, os quatro músicos da geração que completa 80 anos trouxeram ao mundo uma obra atemporal.

Fonte: Rede Brasil Atual

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