Gasmig, Taesa e Renova no balcão de negócios da Cemig



Gasmig, Taesa e Renova no balcão de negócios da Cemig

Em uma casa, quando a família começa a ganhar menos, mas continua gastando igual ou até mais, o orçamento estoura e o endividamento engole a renda. E quando cortar gastos não é suficiente para equilibrar as contas, é hora de pensar em vender alguns bens. É exatamente isso que a Cemig está fazendo. Com uma dívida de R$ 11,9 bilhões, sendo R$ 3,9 bilhões para pagar ainda em 2016, a estatal mineira pode colocar à venda até de 20% dos seus ativos.

Segundo o presidente da companhia, Mauro Borges, as atividades principais como distribuição, transmissão e geração de energia não entram no plano de desinvestimento. Mas todo o resto pode ser vendido parcial ou totalmente. “Do ponto de vista de geração de caixa, as atividades centrais da Cemig representam 80%. Nos outros 20%, a empresa é rica de ativos e nós temos o privilégio de poder usá-los para reduzir o endividamento, seja por meio de venda, ou trazendo um novo investidor”, destaca.

A expectativa é a de que, com a redução das dívidas, sobre mais recursos para investir na atividade fim e, dessa forma, a eficiência seja revertida para tarifas. “Quando conseguimos operar com um custo menor, a agência reguladora reconhece a eficiência e repassa para tarifas, pois conseguiremos entregar um serviço de melhor qualidade e menor preço”, diz.

Entre os ativos que entrarão no balcão de negócios estão a Gasmig e a Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa), cujo valor estimado é superior a R$ 500 milhões. Tem ainda a Cemig Telecom, a Renova, a Axxiom (TI) e a Ativas (data center).

A temporada de vendas vai substituir um período de intensas aquisições. De 2008 a 2014, ela investiu cerca de R$ 8,7 bilhões na compra de ativos e participações como Renova, Taesa e hidrelétricas como Santo Antônio e Belo Monte. Mas, segundo Borges, o retorno não foi tão alto assim, além dos impactos negativos da Medida Provisória 579, que derrubaram os lucros.

Light

Mauro Borges explica que, no caso da Light, apenas 19,55% estão à venda. E essa fatia não é a da Cemig, mas sim de um fundo de investidores composto pelo Santander, Banco do Brasil, BTG Pactual e Votorantim, que não quer mais participar do controle. “A Cemig não está vendendo a participação dela na Light porque é um ativo muito valioso e faz parte da nossa atividade central, com a distribuição do Rio de Janeiro, segunda maior cidade do país. Estamos apenas trazendo um novo sócio para substituir o fundo”, destaca.

Os bancos têm até o fim de 2017 para sair do negócio. “Ainda não temos um mandatário, mas, como em qualquer negócio, é normal contratar um banco com grande experiência em aquisições para apresentar o ativo aos investidores”, explica.

Dividendos

Sem estatizar. A Cemig pode comprar parte dos 19,55% à venda da Light, desde que não ultrapasse 51% de participação, o que tornaria a empresa uma estatal. Hoje ela tem 32,6%.

Resultados do 2º trimestre saem nesta sexta

A Cemig divulgará hoje os resultados do segundo trimestre de 2016. No primeiro, o lucro líquido caiu 99,7% em relação ao mesmo período de 2015. E a alavancagem da dívida está 4,39 vezes maior do que o caixa gerado. As vendas de ativos aparecem como alternativa para reduzir o endividamento. Mas, segundo o sócio da consultoria Enecel, Raimundo Batista, apesar de ter empresas de qualidade, a Cemig terá um desafio.

“São várias empresas colocando ativos à venda. Vamos ver o que se consegue vender, pois é muita oferta e pouca procura”, avalia Batista, destacando que a MP 579 teve um impacto muito negativo no lucro da Cemig. De acordo com o presidente da Cemig, Mauro Borges, os investidores podem ser nacionais ou internacionais. (QA)

Fonte: O Tempo

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