Os trabalhadores do Metrô de São Paulo decidiram suspender a greve realizada na terça-feira (3) contra as privatizações do governo Tarcísio de Freitas. Além dos metroviários, os trabalhadores da CPTM e da Sabesp também participaram da greve unificada. Em assembleia na noite de hoje no Sindicato dos Metroviários de São Paulo (Metroviários-SP), a maioria da categoria também votou contra a realização de nova greve na semana que vem.
Os metroviários cogitavam uma nova paralisação de 24 horas para a próxima terça-feira (10). Desta vez, a mobilização dos trabalhadores pretende barrar terceirizações no sistema metroviário. Apesar da votação contrária à greve, a presidenta dos Metroviários, Camila Lisboa, afirmou que a luta contra as privatizações e terceirizações “continua”.
No próximo dia 10, o governo Tarcísio deve realizar licitação para contratar trabalhadores terceirizados que vão atuar como supervisores de atendimento e agente de atendimento nas estações das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha, além da linha 15-Prata do Monotrilho. Outro edital de terceirização está marcado para o dia 17. Desta vez, o objetivo é contratar trabalhadores particulares para operar o serviço de manutenção do Pátio Oratório do Monotrilho.
“Foi uma greve poderosa, histórica, unificada”. A nossa luta continua, contra a terceirização, contra a privatização. Vamos firme derrotar Tarcísio e suas privatizações e defender o Metrô e a CPTM públicos e de qualidade”.
Debate na rua
Para a líder metroviária, a greve unitária desta terça foi bem-sucedida e angariou o apoio da população na luta contra a privatização. Os grevistas reivindicam o cancelamento de todos os processos de privatização e terceirização do Metrô, da CPTM e da Sabesp. Além disso, exigem a realização de um plebiscito oficial para consultar a população do estado sobre a privatização dessas três empresas.
“Colocamos o debate da privatizações e das terceirizações na rua. E a nossa avaliação é que a população apoiou a nossa luta e apoiou o combate às privatizações”, afirmou Camila. Nesse sentido, ela afirmou que, além da unidade entre as categorias, os trabalhadores conseguiram disputar a opinião pública, através da campanha do Plebiscito Popular sobre as privatizações dos serviços essenciais em São Paulo. “Não vai ter luta vitoriosa da categoria se a gente não tiver a população conosco”.
Além disso, ela destacou que a greve só ocorreu porque Tarcísio se recusou a liberar as catracas do Metrô e da CPTM. Os trabalhadores mobilizados estavam dispostos a manter os serviços operando normalmente, se o governo suspendesse a cobrança das tarifas.
Pane na linha privatizada
Outro golpe contra o discurso privatista de Tarcísio foi a pane elétrica na linha 9-Esmeralda, controlada pela Via Mobilidade, que paralisou a circulação dos trens entre as estações Morumbi e Villa Lobos-Jaguaré. Horas antes, em pronunciamento no Palácio dos Bandeirantes, o governador atacou a greve e defendeu as linhas privatizadas, que estariam operando “normalmente” durante a greve, segundo ele.
“O governador disse que só não funcionariam as linhas estatais (por conta da greve). Ele se deu mal, porque a linha 9 também estava paralisada, provando mais uma vez o que temos falado todos os dias: a privatização não é eficiente e gasta mais dinheiro do estado”, ressaltou Camila.
Além disso, ela acusa Tarcísio de estar mentindo quando disse, em recentes entrevistas e pronunciamentos, que estaria apenas “estudando” a privatização nos transportes sobre trilhos. Os trabalhadores denunciam que o leilão de privatização da linha 7-Rubi da CPTM já foi marcado para o dia 29 de fevereiro do próximo ano.
Por Tiago Pereira, da RBA