Após mais de quatro meses de paralisação, médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) retornaram na segunda (25) ao trabalho. De acordo com a Associação Nacional dos Médicos Peritos, todos os profissionais vão retomar suas atividades, mas será mantido o estado de greve.
Segundo a Associação, o atendimento será exclusivo para perícias iniciais, caso de quem ainda está buscando o benefício. Não estão descartadas novas paralisações e o atendimento só será normalizado quando houver avanço nas negociações com o governo.
Em nota, o INSS informou que a Central de Atendimento 135 está à disposição para orientar a população e também para fazer os agendamentos e/ou reagendamentos necessários. O órgão estima que 1,3 milhão de perícias não tenham sido realizadas desde o início da greve, em setembro do ano passado. Mais 1,1 milhão de perícias médicas foram atendidas.
O INSS calcula que cerca de 830 mil pedidos de concessão de benefícios estejam represados (dado de 15/01/2016). O tempo médio de espera para o agendamento da perícia médica, na média nacional, passou de 20 dias, antes do início da paralisação, para os atuais 89 dias.
O jornalista Ricardo Araújo, 47 anos, foi hoje a um posto procurar atendimento. Ele precisou fazer uma cirurgia de vesícula em outubro do ano passado. Em seguida, ficou 14 dias internado e mais 30 de repouso, a pedido do médico. Na época, a perícia médica foi agendada para o dia 25 de novembro. “Vim no dia e horário marcados, com toda a documentação em mãos, mas já me encaminharam para remarcar a perícia”, contou. A nova data para perícia: 20 de março de 2016.
“Minha única fonte de remuneração era a empresa, que me pagou apenas os 15 dias de internação. Se dependesse do INSS, estaria há cinco meses sem receber absolutamente nada porque preciso da perícia médica de liberação para retornar ao trabalho”, explicou. A saída encontrada pelo trabalhador foi pedir dispensa da empresa onde trabalhava e buscar um novo emprego. Hoje, ele ainda aguarda a perícia para receber o valor referente aos 30 dias que ficou afastado do trabalho.
O filho da dona de casa Maria das Graças Batista, 69 anos, enfrenta um drama ainda maior: foi atropelado por dois carros quando andava de bicicleta em julho do ano passado e, desde então, está afastado do serviço, mas sem receber o benefício a que teria direito. “Ele não conseguiu fazer a primeira perícia até hoje. Já remarcaram três vezes, por conta da greve”, contou.
A última previsão indicava que a perícia do rapaz seria feita hoje, logo no início da manhã. Mas, por volta das 15h, o procedimento ainda não havia sido feito. “Meu filho machucou a escápula e não pode voltar a trabalhar de jeito nenhum. Sente muita dor no braço. Ele tem esposa e dois filhos. Tento ajudar como posso, mas eu mesma só recebo um salário mínimo”.
Fonte: Minas Livre