Não basta abrir a gestão dos fundos de pensão dos trabalhadores e das empresas aéreas brasileiras para os interesses do mercado, adiar a aposentadoria - cortar pela metade os programas sociais como o “Minha Casa Minha Vida” e o Fies. Tem que terceirizar tudo e entregar o pré-sal à iniciativa privada. Agora, o governo provisório de Michel Temer pressiona os governadores para que também privatizem as suas estatais em troca da renegociação de suas dívidas.
No dia 22 junho foi anunciado que os estados que transferirem ativos de empresas estatais para a União poderão obter desconto no valor principal da dívida. Essas participações acionárias deverão ser levadas à privatização pelo governo federal, com suporte do BNDES.
Nesse ritmo acelerado, a primeira resposta ao chamado irresponsável do governo ilegítimo veio do Rio de Janeiro que, “em sinal de boa vontade” anunciou a venda da Cedae, a companhia de água e esgotos, que faturou R$ 4,1 bilhões no ano passado. Em contrapartida pela negociação da dívida,o Governo de Goiás já marcou para 19 de agosto o leilão da Celg, distribuidora estatal de energia, que, segundo analistas do setor elétrico, já deixou de ser deficitária.
Em Minas, os eletricitários, que por duas vezes barraram a privatização da Cemig, primeiro garatindo a PEC 50 e depois derrubando a PEC 68, acompanham apreensivos as reações do governo de Minas. A equipe de Fernando Pimentel, que tanto tem falhado nas negociações com os trabalhadores, volta a preocupar a categoria. O secretário de Governo, Odair Cunha, disse à imprensa que “isso (privatizar) é uma possibilidade”. Segundo Cunha, “de jeito nenhum o governo está fechado para essa ideia” (trocar a ‘venda de ativos’ das estatais pela renegociação da dívida).
Alguns analistas afirmam que se Pimentel aderir integralmente ao acordo para renegociar as dívidas, colocará em risco as 16 estatais que Minas possui, incluindo a Cemig Holding e a Copasa. Em relação às subsidiárias, como a Cemig D e GT e a Gasmig, as intenções por traz do acordo não estão suficientemente claras.
A imprensa golpista já faz coro a favor desse esforço do presidente interino para a privatização. A Revista Época e o Jornal “O Globo”, porta-voz do golpe Militar em 1964 e agora do golpe parlamentar, chegaram a escrever no último final de semana que “a existência de estatais é a causa básica da corrupção no Brasil”.
É neste contexto que nós, eletricitários, que sabemos que a privatização nunca foi sinônimo de eficiência ou de boa gestão, devemos preparar o espírito e as armas de sempre, que são a coragem e a mobilização para ir à luta. Do contrário, o retrocesso que assola o país pode não poupar a Cemig.