Fama 2018: Água não é mercadoria, é bem comum dos povos



Fama 2018: Água não é mercadoria, é bem comum dos povos

Após seis dias de intensos debates, mais de 7 mil participantes do  Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama 2018), no encerramento do encontro,  fizeram uma passeata pelas avenidas de Brasília, no dia 22 de março, em que se comemora o Dia Mundial da Água, em defesa do recurso como bem público e direito humano para todos e contra a presença do setor privado, que avança sobre a exploração de fontes, sobre a distribuição, a comercialização e o controle dessas reservas.

O evento foi considerado o maior fórum alternativo já realizado. Teve início no sábado (17), em contraponto ao 8º Fórum Mundial da Água, patrocinado por empresas diretamente interessadas em concessões e controle da água, como a Nestlé e a Coca Cola, entre outras.

Em seis dias, o Fama 2018 realizou mais de 200 palestras, debates, seminários, painéis, e assembleias. Organizado por 37 entidades ligadas aos povos e a comunidades tradicionais, indígenas, camponeses, mulheres, religiosos, movimentos sindicais e ambientais, organizações não governamentais e comitês criados nos Estados. Participaram ainda mais de 170 representantes internacionais, de países dos cinco continentes.

O Fama 2018 reafirmou as lutas em defesa das águas, que não são e nem podem ser transformadas em mercadoria, apropriadas, exploradas e destruídas para lucratividade de grandes corporações e empresas privadas. Os participantes elaboraram uma declaração, (veja abaixo), reafirmando que a água é um bem comum e deve ser preservada e gerida pelos povos para as necessidades da vida, garantindo sua reprodução e perpetuação.

Sindieletro presente na luta em defesa das águas

O Sindieletro foi representado no Fama pelos diretores de Saúde do Trabalhador, Gilmar de Souza Pinto, Jairo Nogueira filho e pelo assessor, José Carlos de Souza.  Para Gilmar, um dos pontos positivos do encontro foi a participação de mais de 7 mil pessoas de 35 países que reafirmaram água não pode ser tratada como mercadoria e o seu controle deve ser exercido pelo povo. Mas, infelizmente no Brasil, ás águas estão sendo privatizadas há algum tempo, com a entrega das empresas de energia ao capital privado.

Gilmar falou sobre a importância do Fórum Alternativo Mundial das Águas, em contraponto ao Fórum oficial, que também foi realizado em Brasília.Para ele, a opção do Fórum oficial ser realizado no Brasil não foi à toa, “o Brasil possui as maiores reservas de água doce e o maior aqüífero do planeta, e isso desperta o interesse de gigantes como a Nestlê, que não enxerga a água como um direito dos povos, mas como uma simples mercadoria, como disse seu presidente”, destacou.   

Confira parte da Declaração do Fórum Alternativo Mundial das Águas

 A nossa luta é a garantia da vida. É isso que nos diferencia dos projetos e das relações do capital expressos no Fórum das Corporações – Fórum Mundial da Água, vinculado às grandes corporações e buscam atender exclusivamente a seus interesses, em detrimento dos povos e da natureza, transformando os bens comuns em mercadoria, através de processos de privatização e da financeirização.

A persistência desse modelo tem aprofundado as desigualdades e a destruição da natureza. O objetivo das corporações é exercer o controle privado da água, tornando-a fonte de acumulação em escala mundial, gerando lucros para as transnacionais e ao sistema financeiro.

O resultado desejado pelas corporações é a invasão, apropriação e o controle político e econômico dos territórios, das nascentes, rios e reservatórios, para atender os interesses do agronegócio, da mineração e da geração de energia. Querem se apropriar de todos os mananciais do Brasil, América Latina e dos demais continentes, constatamos que a entrega de nossas riquezas e bens comuns conduz a destruição da soberania e a autodeterminação dos povos, assim como a perda dos seus territórios e modos de vida.

A luta dos povos em defesa das águas é mundial. Água é vida, é saúde, é alimento, é território, é direito humano, é um bem comum sagrado. Água não é e nem pode ser mercadoria. Não é recurso a ser apropriado, explorado e destruído.

Água é um bem comum e deve ser preservada e gerida pelos povos para as necessidades da vida, garantindo sua reprodução e perpetuação.

Confira a integra a Declaração do Fórum Mundial das Águas na página da Rede Brasil Atual na internet.

Com informações da Rede Brasil Atual

 

item-0
item-1
item-2
item-3