Falhas no PCR e desvalorização: iguais, mas diferentes



Falhas no PCR e desvalorização: iguais, mas diferentes

O que os eletricitários podem esperar de uma empresa que diz que seus trabalhadores são o seu maior patrimônio, mas que, na prática, comete uma série de irregularidades e é conivente com o assédio moral e com os desvios de funções? O que esperar de uma empresa em que o RH não consegue resolver os menores problemas das relações trabalhistas, mantém um PCR cheio de distorções e ainda incentiva o apadrinhamento?

O que esperar de uma empresa que não corrige desvios de funções e quer implantar um novo Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) sem discutir com sindicatos ou ouvir trabalhadores, que mais entendem dos processos de trabalho? Para os 173 eletricitários aprovados no concurso de 2012 e admitidos em 2013, a resposta pode ser a confirmação de que não há futuro na empresa.

Quase cinco anos após o período de experiência, muitos trabalhadores continuam enquadrados como eletricistas nível 1, faixa inicial do PCR . Em muitos casos, eles exercem as mesmas atividades atribuídas aos eletricitários níveis 2 e 3, como de inspeção e ligação de unidades consumidoras, inspeção e manutenção de redes e linhas de distribuição desenergizadas e em linha viva, mas estão estacionados no primeiro nível, sem perspectiva de adequação.

DECRETO AUMENTA INJUSTIÇA

O caso desses trabalhadores é um flagrante desvio de função. Pela descrição do cargo na época da admissão, o eletricista de linhas e redes aéreas I deve acompanhar e ou auxiliar, sob orientação e supervisão profissional, as atividades de construção, operação, manutenção, inspeção de linhas e redes de distribuição, subestações e unidades consumidoras, podendo executar atividades de menor complexidade.

Porém, em maio de 2017, a Cemig alterou a descrição do cargo, para que os eletricistas de nível 1 exerçam as mesmas atividades dos trabalhadores de nível 3, recebendo pelo trabalho salários bem menores. A medida que não teve qualquer debate com a categoria, como não poderia deixar de ser, gerou insatisfação imediata.

Além de salários menores, esses eletricitários não têm direito à Maria Rosa e ao anuênio. Um trabalhador desabafa: “A gerência está ciente da nossa situação, pois sabe que executamos tarefas técnicas e complexas. Me pergunto até quando vamos aceitar essa situação, sem perspectiva de melhoria e recebendo metade ou até 1/3 do que recebem nossos colegas que executam a mesma função”.

Com as mudanças que a empresa está fazendo nas atribuições dos cargos, todas as tarefas poderão ser executadas por eletricistas nível 1. O sistema que tentam impor permitirá que trabalhadores com pouca experiência façam parte de equipes em serviços técnicos e complexos, o que pode resultar em graves acidentes.

O Sindieletro denuncia essa situação ao RH e reafirma o que sempre disse em mesa de negociação: é fundamental a participação dos sindicatos e dos trabalhadores (as) na elaboração e acompanhamento do PCCR, com transparência e democracia, para evitar arbitrariedades e problemas de desvios de funções e apadrinhamentos.
Do contrário, a estatal continuará perdendo bons quadros. Dos 173 eletricistas admitidos em 2013, muitos já saíram da empresa por não concordarem com essas mudanças e pela falta de perspectivas de crescimento profissional.

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