A explosão de um transformador de energia da Usina de Tucuruí, no Pará, no último domingo (29/07), além de assustar os moradores da cidade e provocar uma grande cortina de fumaça que pôde ser vista a quilômetros de distância, chamou a atenção – mais uma vez – para o sucateamento do sistema elétrico do país após a privatização da Eletrobras.
A explosão, que poderia ter se tornado uma tragédia, é mais uma das ocorrências previstas pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) pela falta de manutenção adequada e o quadro reduzido trabalhadores após a venda da empresa.
“O Coletivo tem alertado desde o governo de Jair Bolsonaro [responsável pela privatização], de que acontecimentos dessa natureza poderiam acontecer por causa, principalmente, das demissões ocorridas com a venda da Eletrobras. As equipes de manutenção ficaram reduzidas o que compromete o funcionamento do sistema, colocando em risco o sistema elétrico do país”, afirma o engenheiro elétrico da Eletronorte, vice-presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) Nailor Gato.
No entanto, ainda que o alerta venha sendo feito, o atual governo, por conta da forma em que o processo de privatização foi feito, pouco pode fazer, já que mesmo com 42% das ações da empresa, tem poder de decisão reduzido em relação aos outros acionistas.
O governo tem 42,6% das ações, mas o peso dos seus votos é de apenas 10%. Antes da venda a União detinha 72% das ações e com a capitalização deixou de ser o acionista majoritário. Porém, nenhum acionista sozinho tem a maioria das ações.
Ainda de acordo Nailor Gato, o Ministério de Minas e Energia (MME) já encaminhou um pedido para que a Eletrobras “suspenda o processo de demissões por meio de PDV´s [planos de demissão voluntária] e apresente um plano de manutenção para que não haja mais ocorrências como a de Tucuruí.
“O problema principal da Eletrobras, hoje, é a gestão, sob o controle do grupo 3G”, diz Nailor Gato, explicando que os interesses do grupo se baseiam apenas nos lucros e não em questões essenciais como a função social e de prestação de serviços adequados e de qualidade à população.
Por isso, ainda de acordo com o dirigente, a expectativa de que a Eletrobras tome alguma providência para atender ao pedido do MME é remota, mas há esperança de que o governo retome seu poder de decisão na empresa.
Greve dos eletricitários
As demissões e o desmonte na Eletrobras levaram os trabalhadores e trabalhadoras a decidir por uma greve de 72 horas, a partir da zero hora do dia 9 de agosto (quarta-feira). A categoria denuncia pressão da empresa sobre os empregados a aderirem aos PDV´s. Denunciam ainda o desmonte de setores essenciais para a manutenção do sistema elétrico brasileiro.
A explosão
De acordo com informações da imprensa local, a explosão ocorreu por volta das 15h, no momento em que o transformador retornava à operação.
A equipe de bombeiros civis da UHE Tucuruí foi acionada imediatamente e, por volta das 16h, a situação já estava controlada. Apesar dos riscos iminentes não houve vítimas.
Fonte: CUT, por André Accarini