Wilson Ferreira Junior deixará a presidência da estatal de energia Eletrobras para comandar a BR Distribuidora, maior distribuidora de combustíveis do Brasil, que foi privatizada há 2 anos. Vai substituir Rafael Grisolia, que desde abril de 2019 lidera a empresa.
Em seu pedido de demissão, que ficou público na noite de domingo (24.jan.2021), Ferreira alegou “motivos pessoais”. O mercado interpretou a saída como frustração ao processo de privatização da Eletrobras. Às 10h25 (horário de Brasília) desta 2ª feira (25.jan.2021), os ADRs da companhia negociados na Bolsa de Nova York operavam em queda de 10,87%, a US$ 5. A Bolsa brasileira, a B3, está fechada por causa do aniversário da cidade de São Paulo.
Antes, as ações da empresa já estavam em declínio. As ADRs caíram 5% na 6ª feira (22.jan) por causa dos obstáculos políticos aos planos de desestatização. Favorito para presidir o Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) disse que a privatização não pode ser um “entreguismo sem critério”.
Segundo a Eletrobras, Ferreira Junior ficará na empresa até 5 de março para trabalhar em sua sucessão. Depois da publicação da notícia do Poder360, a BR Distribuidora divulgou fato relevante informando que fez o convite ao executivo. Eis a íntegra (120 KB).
Ferreira Junior estava no comando da Eletrobras desde julho de 2016, quando foi nomeado pelo então presidente, Michel Temer (MDB). A gestão dele é marcada pela privatização de 6 subsidiárias de energia no Norte e Nordeste, historicamente deficitárias. O executivo ajudou ainda a melhorar os resultados financeiros da estatal. Em nota, a Eletrobras diz que ele ajudou a resolver “contenciosos importantes nos Estados Unidos” decorrentes da operação Lava Jato. A companhia não informou quem irá substituí-lo.
Ferreira Júnior formou-se em Engenharia Elétrica e em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie, de São Paulo. Iniciou sua carreira como engenheiro da CESP (Companhia Energética de São Paulo). Ocupou a diretoria de distribuição da empresa durante o 1º mandato de Mário Covas como governador de São Paulo.
Passou à iniciativa privada em 1998 como 1º presidente da Rio Grande Energia, empresa criada com a desestatização parcial da distribuição de energia elétrica no Rio Grande do Sul. Assumiu em março de 2000 a presidência da CPFL e, a partir de 2002, da holding CPFL Energia.
Eis a nota distribuída pela Eletrobras:
“A Companhia aproveita o ensejo para agradecer ao Wilson por sua reconhecida liderança na reestruturação organizacional e financeira do Sistema Eletrobras durante seu mandato de cerca de 4,5 anos. Sob sua gestão, a Companhia atingiu lucros históricos, reduziu sua alavancagem a patamares compatíveis com a geração de caixa, reduziu custos operacionais com privatizações de distribuidoras e programas de eficiência, colocou em operação obras atrasadas, simplificou a quantidade de participações acionárias com a venda, incorporação e encerramento em cerca de 90 sociedades de propósito específico, aprimorou seu Programa de Compliance, padronizou estatutos sociais e alçadas de aprovação das Empresas Eletrobras”.
Fonte: Poder 360