Com duas horas de atraso, começou na terça-feira (24) o segundo julgamento do ex-prefeito de Unaí (MG) Antério Mânica, acusado de ser o mandante da morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho em 2004, no caso que ficou conhecido como Chacina de Unaí. A expectativa é de que o tribunal do júri, na Justiça Federal de Minas Gerais, vá até a próxima sexta (27).
Dezenas de auditores-fiscais do Trabalho se concentraram diante do local do julgamento, em Belo Horizonte, para protestar e pedir justiça pelas vítimas da chacina de Unaí. Dos quatro assassinados na manhã de 28 de janeiro de 2004, três eram fiscais e um era motorista. Mânica chegou a ser condenado, em 2015, a 100 anos de prisão, mas três anos depois a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) anulou o julgamento, por dois votos a um.
Protesto por justiça
A sessão começou por volta de 11h, com sorteio dos jurados – cinco mulheres e dois homens. Do lado de fora, o Sinait e a Aafit-MG (sindicato nacional e associação local dos auditores-fiscais) fizeram manifestação. “Estamos clamando por justiça para que esse brutal assassinato não fique impune”, afirmou o presidente do Sinait, Bob Machado. Ontem, durante audiência na Assembleia Legislativa, Helba Soares (viúva de Nelson, um dos fiscais), também falou em justiça. ” Parece que a justiça no Brasil é apenas para preto e pobre, os ricos não são presos. Infelizmente, amanhã teremos mais um episódio deste caso. Não sabemos como vai acabar.”
Três acusados de serem os executores foram condenados em 2013. Já estavam presos preventivamente. Um dos acusados de intermediação morreu e outro teve a pena prescrita. Outros apontados como mandantes foram condenados, mas recorreram em liberdade, casos dos irmãos e fazendeiros Antério e Norberto Mânica. O segundo assumiu a culpa, em gesto que a defesa vê como uma tentativa de livrar o ex-prefeito.
Por Vitor Nuzzi, da RBA