Espionagem



Espionagem

O assessor de movimentos sociais Frei Betto disse na segunda-feira (02) que os Estados Unidos, em nome de seus interesses econômicos, “continuarão a bombardear seus inimigos”. “As nações mais ricas há muito tempo resolveram mandar às favas os escrúpulos e os direitos. Na Guerra Fria, o pretexto do Ocidente para burlar a legislação, promover golpes de Estado e assassinar era a ameaça comunista. Agora o pretexto é o terrorismo, em que tudo parece se justificar”, disse em seu comentário na Rádio Brasil Atual.

Para Frei Betto, as leis nacionais e internacionais não são mais suficientes para abordar as ações de combate ao terrorismo levadas a cabo pelos Estados Unidos. “Hoje em dia, leis nacionais e internacionais não dão conta de abordar os aspectos legais e éticos do uso da informática, dos robôs, dos instrumentos usados no suposto combate ao terrorismo. As tecnologias avançam a passo de coelho, e, as leis, a passo de tartaruga”, afirmou.

Frei Betto citou casos de violações de direitos humanos e do direito internacional promovidos pelos Estados Unidos e por países da Europa ocidental, como a perseguição a Julian Assange, criador do Wikileaks, refugiado desde o ano passado na Embaixada do Equador em Londres, e a interceptação do avião em que o presidente da Bolívia, Evo Morales, viajava de Moscou para La Paz, sob a suspeita de estar levando a bordo Edward Snowden, ex-agente da CIA que divulgou um esquema de espionagem em massa promovido pelo governo norte-americano.

Recentemente foi relevado que o esquema de espionagem comandado pela NSA teve um centro de trabalho funcionando em Brasília. Na ocasião, o governo brasileiro cobrou explicações, e o chefe do Departamento de Estado norte-americano, John Kerry, esteve com Dilma Rousseff, mas não deu garantias de que o esquema seria interrompido.

Ontem, o programa Fantástico, da Rede Globo, revelou que Dilma teve ligações, e-mails e mensagens de texto via celular interceptadas pela NSA, o que levou o governo brasileiro a realizar reuniões de emergência nesta segunda-feira para decidir sobre providências a serem adotadas em relação aos Estados Unidos. Participam das conversas o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, da Justiça, José Eduardo Cardozo, da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado.

"Em nome do terrorismo tudo parece se justificar aos olhos e à consciência da Casa Branca e de seus teleguiados, como a Inglaterra. Sequestros de muçulmanos pela CIA, tortura e prisão de sequestrados em Guantánamo, em Cuba, assassinatos de civis confundidos com terroristas no Afeganistão. É a lógica do capital que predomina, e seu direito de não respeitar nenhum direito", afirmou. "O terrorismo é o grande pretexto para infundir a ideologia que devemos trocar a liberdade por segurança e acreditar que capitalismo e democracia são sinônimos."

Ele lembrou também do bombardeio da Líbia, em 2011, então sob o regime de Muamar Gaddafi, em que a oposição nos Estados Unidos reclamou do presidente, Barack Obama, que não teria consultado o Congresso para tomar a decisão. O presidente respondeu, então, que não necessitava pedir opinião porque intervenções do tipo dependiam de máquinas, e não de humanos.

Atualmente os Estados Unidos reivindicam na Organização das Nações Unidas o direito de intervir militarmente na Síria, que já está em conflito há mais de dois anos. Um ataque químico realizado no final de agosto matou cerca de 1.500 pessoas, segundo a Casa Branca, que atribui a Bashar Al Assad a responsabilidade pelo episódio.

item-0
item-1
item-2
item-3