Escolha e consequências: Senado eleito pode ser fatal para a luta contra a privatização dos Correios



Escolha e consequências: Senado eleito pode ser fatal para a luta contra a privatização dos Correios

Confira o artigo de Alexsander Menezes, diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (Sinticom). Publicado originalmente no Brasil de Fato (PR)

Bolsonarismo no Senado pode ser fatal para luta contra a privatização dos Correios; entenda

A ampliação da bancada bolsonarista no Senado pode ser fatal para a luta contra a privatização dos Correios.

Os resultados das eleições para o Senado devem servir de alerta para os trabalhadores dos Correios para o fato de que seus empregos dependem em muito da eleição de Lula neste segundo turno.

O PL 591/2021 que autoriza a privatização da estatal, criando um monopólio privado, foi aprovado de forma atropelada na Câmara dos Deputados, onde Bolsonaro e Arthur Lira, presidente da Câmara, mantém uma relação de interesses mútuos – quase sempre em desfavor da população em geral.

Felizmente para os trabalhadores dos Correios, o atual governo não dispunha de força similar no Senado para atropelar regimento.

No domingo (2), houve uma significativa mudança neste cenário, abrindo a possibilidade de que o único órgão do Estado presente nas 5.570 cidades do pais seja entregue para a iniciativa privada, tornando mais de 95% destas, reféns de interesses contrários aos seus.

Não custa lembrar que para cobrir o rombo bilionário do pacote eleitoral, Bolsonaro e sua equipe econômica já dão como certo o uso dos recursos da venda da estatal, uma afronta até mesmo aos princípios dos mais puro-sangues liberais.

A empresa, cujos lucros anunciados com alarde são baseados em uma política de terra arrasada, sucateamento, precarização dos serviços, redução da rede de atendimento e venda de ativos a preços para lá de amigáveis, é a primeira da lista de brindes para o setor privado.

Sua atratividade é fundamentada não somente nos resultados financeiros artificialmente construídos nos últimos anos, mas no seu enorme potencial de mercado, sua capilaridade, além é claro, dos milhares de veículos, imóveis e do valor incalculável da sua imagem – quem nunca ouviu falar no Sedex?

Com mais de 350 anos de história, os Correios possuem um potencial enorme para multiplicar seus resultados não só no e-commerce – a menina dos olhos da iniciativa privada – mas na prestação se serviços logísticos para as três esferas de governo, basta lembrar que o apagão logístico na distribuição de vacinas e insumos poderia ser resolvido com sua utilização.

Seus trabalhadores, ao contrário do que é falsamente divulgado pelo governo, ostentam o pouco lisonjeiro título de perceberem as piores remunerações do setor público, situação agravada pelo corte selvagem de benefícios e direitos no ano de 2020.

Serão esses trabalhadores os maiores prejudicados pela privatização, uma vez que antes mesmo dela, a estatal – que não contrata servidores a aproximadamente sete anos – adota uma política de terceirização de serviços, precarizando a sua mão de obra e contribuindo para o desgaste da sua imagem junto à sociedade.

Neste horizonte incerto, resta à população e aos seus trabalhadores dos Correios uma única esperança: entre os dois candidatos, apenas Lula já se manifestou de forma clara que não irá privatizar aquela que deveria ser o braço logístico do Estado brasileiro.

Caso contrário é bastante provável que engrossem o contingente de desempregados ou ocupem as vagas de trabalho precário que surgirem no setor.

 

 

 

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