A edição desta quinta (4) do Programa Bem Viver transmite uma conversa histórica o artista indígena Jaider Esbell, marcada como uma das últimas entrevistas concedidas pelo ativista, que foi encontrado morto na terça-feira (2), em São Paulo. Desde de setembro, suas obras estão expostas na Bienal de São Paulo e no Museu de Arte Moderna da capital paulista.
“Os povos indígenas têm seus próprios sistemas de artes, com seus próprios fundamentos e intensidades, que não demandam uma cópia do modelo europeu. A arte indígena está todo dia na nossa comunidade, nas nossas práticas”, afirmou. “Nossas obras são carregadas de uma energia muito forte, de séculos de abafamento, de apagamento, de controle para poder agora colocar isso para fora com muito mais energia, vivacidade e confronto.”
Na conversa, Jaider defendeu que a arte pode ser uma importante aliada na luta por direitos e contra a discriminação e violência aos povos originários e afirmou que a arte indígena é capaz de despertar uma consciência que o Brasil não tem de si.
O motivo de sua morte ainda não foi confirmado. Jaider tinha 42 anos e foi encontrado sem vida em seu apartamento, em São Paulo. Atualmente, ele estava entre os artistas plásticos de maior repercussão no país, com obras expostas em grandes eventos a milhares de pessoas.
Antes dele chegar à Bienal, Jaider Esbell já havia sido reconhecido internacionalmente: em 2013, ele fez a primeira exposição no exterior, nos Estados Unidos, onde também foi convidado para dar aulas. Importantes museus da Europa já haviam adquirido obras do artista para expor no continente.
Este ano, a Bienal de São Paulo traz uma série de trabalhos do artista. Além disso, o Museu de Arte Moderna de São Paulo dedicou ala inteira para Jaider e outros 34 artistas indígenas. Ele foi o curador da mostra.
Controvérsias sobre o meio ambiente
Dados apurados e divulgados pela rede de notícias BBC Brasil revelam que o governo do presidente Jair Bolsonaro cortou em 93% dos gastos com estudos e projetos para diminuir os efeitos das mudanças climáticas. O percentual é uma comparação feita entre os três primeiros anos da gestão Bolsonaro com os três anos anteriores, obtidos pelo Sistema Integrado de Orçamento do Governo Federal.
Entre 2016 e 2018, os investimentos somados nessa área foram de R$ 31 milhões. Na gestão Bolsonaro, os gastos despencaram para R$ 2 milhões. Os cortes se concentram em dois projetos específicos: o de “Fomento a Estudos e Projetos para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima”, de responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente; e o de “Apoio a Estudos e Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento à Mudança do Clima”, este a cargo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Em 2016, a verba investida nestes projetos era de R$ 20 milhões. Este ano, o valor ficou em R$ 450 mil.
Além da redução das verbas para pesquisas, o governo Bolsonaro pretende avançar nos investimentos em energia nuclear por meio de incentivos à iniciativa privada, segundo documentos do governo obtidos pelo Brasil de Fato.
É um plano de longo prazo, com metas para 2050. Até lá, o objetivo é ter 10 novas usinas de energia nuclear no Brasil. Depois do desastre nuclear em Fukushima, no Japão, em 2011, países como a Alemanha anunciaram um plano de zerar esse tipo de geração de energia.
Festa afro literária
O Programa Bem Viver deixa aos ouvintes um convite para participar da Festa Afro-Literária, que reúne artistas de todo país, focando em personalidades da região de Cavalcante, em Goiás. O tema desta edição é “Literatura Quilombola: entre a tradição e o afrofuturismo”.
Na programação estão bate-papos, oficinas e apresentações artísticas, tudo transmitido de graça e em tempo real no Youtube. Entre os nomes nacionais que participam estão Elisa Lucinda, Ellen Oléria, Luedji Luna, Cássia Valle e Ryane Leão
Nos entornos de Cavalcante fica o território Kalunga, a maior comunidade remanescente de quilombos do Brasil, que tem o reconhecimento da ONU como o primeiro território e área conservada por comunidades tradicionais do país. Integrantes do quilombo vão participar ativamente dos debates online.
O evento é realizado pela organização não governamental Terra – Teatro, Educação e Responsabilidade com as Raízes Afro-Brasileiras, e tem apoio da Prefeitura de Cavalcante e do Governo de Goiás.
Sintonize
O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo.
Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS) e Rádio Cantareira (SP).
A programação também fica disponível na Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas: Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.
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Fonte: Brasil de Fato