Entenda como a privatização da Embrapa pode fazer preços de alimentos subirem



Entenda como a privatização da Embrapa pode fazer preços de alimentos subirem

Com quase 50 anos de história, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem sendo atacada desde o golpe de 2016, que destituiu a presidenta eleita, Dilma Rouseff (PT), e esses ataques estão sendo cada vez mais intensos no governo de Jair  Bolsonaro (ex-PSL), com o objetivo de sucatear as empresas públicas estratégicas para o desenvolvimento do país e colocar à disposição de corporações privadas.

Somente neste ano, a Empraba já sofreu um corte de mais de R$ 519 milhões de seu orçamento, e no início de setembro teve novo corte de mais de R$ 118 milhões. Para o ano que vem, o sindicato afirma que a redução proposta pelo governo federal é ainda mais severa.

Estes recorrentes cortes orçamentários vêm colocando em risco projetos, processos e atividades desenvolvidas pela empresa. A precariedade de recursos já atinge instalações e equipamentos e a dificuldade para manter de forma adequada campos experimentais, rebanhos e recursos genéticos, entre outros, já é uma realidade.

E se nada for feito, segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF), as atividades de pesquisa serão paralisadas, os preços dos alimentos poderão ficar mais caros e ainda a segurança e a soberania alimentar estarão comprometidas.

Por isso, a partir desta quinta-feira (8), o SINPAF inicia uma série de conferências regionais, como parte da Campanha Nacional para defender a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pública, Democrática e Inclusiva. O objetivo é dialogar com a população sobre a importância da estatal para a sociedade brasileira e recuperar os recursos destinados à ciência e tecnologia. 

 “A Embrapa tem papel fundamental no desenvolvimento e na soberania alimentar do nosso país. A ideia das conferências é mobilizar a sociedade e conscientizar a população sobre a importância de defender a ciência e tecnologia para um Brasil menos desigual, democrático e inclusivo. Defender a Embrapa pública é defender o Brasil e os brasileiros”, afirmou o pesquisador da Embrapa, engenheiro agrônomo com pós-doutorado em Agroecologia e Diretor de Ciência e Tecnologia do SINPAF, Mário Artemio Urchei.

Para o agrônomo, é preciso restabelecer emergencialmente  os cortes do orçamento em 2020 e trabalhar para um orçamento compatível para o próximo ano, visando o fortalecimento da Embrapa pública.

“E é neste  sentido, que a campanha do SINPAF trabalha para envolver toda a sociedade nessa mobilização, porque defender uma alimentação segura, de qualidade e em quantidade é uma luta de todos nós”, destaca Mário Urchei.

Defender a Embrapa também é defender o meio ambiente

A agricultura brasileira é importante para o país e para o mundo, porque o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Porém, o meio ambiente está vivendo grandes mudanças climáticas que afetam o setor e a Embrapa contribui fortemente para enfrentar os desafios colocados, com ciência e tecnologia.

A pesquisadora na Embrapa, na área de sociologia rural, e que está aprofundando estudos sobre agricultura familiar e sustentabilidade, Lucimar Santiago de Abreu, disse que a empresa tem um papel fundamental para continuar produzindo alimentos.

Segundo ela, mais de 70% dos alimentos que chegam na mesa dos brasileiros são produzidos pelos agricultores familiares e as mudanças climáticas podem afetar fortemente estes produtores. Para a pesquisadora, a Embrapa é uma das empresas que podem dar esta sustentação técnica e ecológica para o país no âmbito da segurança alimentar para o país e o mundo.

“Nós também trabalhamos para alcançar os 17 objetivos da agenda de 2030 de desenvolvimento sustentável para o combate à fome, desigualdade social e ainda tecnificar o sistema de produção dos agricultores mais vulneráveis para que tenham mais produtividade e comercialização”

“Com estes cortes parece que o governo Bolsonaro não se deu conta da importância da inovação social e tecnológica para o país e os brasileiros. Quem vai responder à tudo isso, a iniciativa privada? Será ? “, questiona a pesquisadora.

Agenda em defesa da Empraba pública

O SINPAF tem um site exclusivo sobre a campanha, que a população poderá obter informações sobre a luta, as conferências, petição e como divulgar a ação em defesa da Embrapa.

Diversas entidades já assinaram a moção de apoio à Embrapa pública e o sindicato também publicou uma carta aberta para explicar a luta da entidade por um país mais justo, democrático e soberano.

A primeira conferência virtual será destinada  à região Norte e a população poderá acompanhar pela página do Facebook do sindicato, a partir das 10 horas da manhã. A programação completa já está no site do SINPAF.

Os próximos debates serão nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste, Sul ,além de onferência virtual nacional, prevista para ser realizada em novembro. A agenda completa dos debates regionais já está sendo divulgada pelo Sindicato.

Fonte: CUT

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