Na contramão do crescimento da empresa, o acordo coletivo dos trabalhadores da Energisa foi fechado sem ganhos para os eletricitários. Além da dificuldade em garantir conquistas, o descaso da empresa com o acordo é tão grande que as informações sobre o que foi negociado demoraram 14 dias, dentro da empresa, para chegar aos responsáveis pela implantação das cláusulas.
O Sindieletro enviou o resultado das assembleias, favorável ao acordo, no dia 24 de junho, para a Sede da empresa em Cataguases, onde fica a gerência de RH. O recebimento do documento foi confirmado pelos Correios por AR, assinado em 25 de junho, mas, a aprovação só chegou ao conhecimento dos responsáveis pelo acordo coletivo, que ficam na Paraíba, no dia 8 de julho. Para o Sindieletro é inaceitável o descaso da Energisa com o fechamento do acordo coletivo, assim como a forma como a empresa trata a pauta dos trabalhadores.
Uma Energisa para o mercado e outra para os trabalhadores
Na avaliação do Sindieletro, a falta de política de RH e de responsabilidade social da empresa faz com que o trabalhador seja tratado com desrespeito pela Energisa. Muitas reivindicações foram respondidas com um simples “não”, sem que a empresa apresentasse os fundamentos para a rejeição na mesa de negociação.
Foi assim, por exemplo, em relação à cobrança pelo Auxílio Educação. Apesar de haver trabalhadores, dentro da empresa, que exercem a mesma função e estão matriculados no mesmo curso, só um deles está recebendo o benefício. Mas a reivindicação dos eletricitários pelo fim das restrições ao Auxílio Educação foi negada pela Energisa, sem qualquer justificativa.
Na pauta dos trabalhadores também constava a reivindicação de isonomia salarial, importante para acabar com as distorções de salários entre os trabalhadores que desempenham a mesma função. Esse item da pauta também foi negado, sem qualquer justificativa.
Enquanto para os trabalhadores a empresa impõe o aumento real zero e nega a maioria das reivindicações, a Energisa não para de crescer, com novas aquisições no mercado e até anúncio de antecipação de repasse de dividendos de 2015 para os acionistas.
Na avaliação do diretor do Sindieletro, Celso Primo, todas essas contradições têm reflexo no dia a dia do trabalhador e influenciaram as assembleias. A proposta da empresa foi aprovada por apenas dois votos a mais, o que demonstra a insatisfação dos eletricitários com a política de pessoal e a incoerência da empresa.
Mesma empresa, mas relações de trabalho diferentes
Durante a realização das assembléias, o Sindieletro constatou que as relações de trabalho e os direitos dos eletricitários da Energisa são diferentes. Dependendo da localidade, os contratos são usados como limite para barrar avanços, em outros locais, o acordo coletivo não é cumprido. Para o Sindicato todos são trabalhadores da mesma empresa, portanto devem ter os mesmos direitos.
Por fim, conseguimos reverter o desconto na PLR que era feito sob o salário dos trabalhadores a título de Contribuição Assistencial Confederativa. O Sindieletro não concorda com essa prática e aposta no amadurecimento político da categoria e na filiação voluntária dos trabalhadores ao Sindicato para que possamos manter a entidade forte e atuante.