As empresas nacionais estão em desvantagem em processos de fusões e aquisições quando comparadas às concorrentes estrangeiras. Essa é uma das conclusões de um estudo elaborado pela GO Consultoria e que foi apresentado durante o 24º Simpósio Jurídico da ABCE. O principal ponto que leva a essa perda de competitividade está no custo do capital que aqui no país é considerado caro e está mais elevado do que o acessado a organizações de fora do país.
Tanto é assim que as companhias internacionais foram as principais adquirentes no setor elétrico nacional nos quatro grandes segmentos, geração, transmissão, distribuição e comercialização.
Segundo o especialista em energia elétrica e consultor da GO, Antonio Bolognesi, a questão do custo de capital é a questão básica que justifica o momento. Ele apresentou dados calculados por bancos de investimentos que apontaram custos de capital nominal real para a Europa em 4,51%, 7,34% para os Estados Unidos e em 8,96% nos países emergentes. Os índices são médios para o segmento de distribuição.
De acordo com o levantamento feito pela consultoria, neste segmento 95,9% das operações de fusão ou aquisição foram realizadas por empresas estrangeiras de capital estatal. Já considerando o período de 2016 a 2018 em geração, apenas 9,5% das operações foram realizadas por companhias privadas nacionais, 42,5% por capital privado externo e outros 30,4% por empresas estatais de outros países. Em transmissão a divisão também indica a falta de capacidade de competição das empresas brasileiras, sendo 85,2% do capital privado estrangeiro ante 14,8% do nacional privado.
“As empresas brasileiras não compram porque não conseguem competir com as estrangerias. O custo de capital é maior por aqui e este é um diferencial competitivo decisivo no setor elétrico, que é intensivo de capital”, destacou o executivo em sua apresentação.
A questão do risco país já é considerado um ponto de partida que traz desvantagem para as companhias nacionais. Isso porque um dos critérios que o agente financiador considera para a concessão de recursos e o risco de crédito da empresa, que é limitado pelo risco de crédito do país. E, como esse índice referente ao Brasil está elevado, a tomada de empréstimos em bancos ou em emissões de mercado parte de um custo mais alto.
Para que haja uma condição de competição mais isonômica, apontou ele, é necessário que o ambiente regulatório seja mais estável e essa situação só será justa quando as empresas estiverem em condição de igualdade. Só assim, continuou, é possível um nivelamento de condições entre os players do mercado e consequente benefício ao consumidor final. Enquanto houve a concentração de um mercado em poucas empresas, como em transmissão, o segmento onde este cenário é mais latente, o impacto para o mercado é naturalmente, ruim devido à ausência de competição.
Dos três maiores segmentos do setor elétrico, o de distribuição é classificado como de concentração moderada, de geração é pouco concentrado enquanto o de transmissão é altamente concentrado, onde apenas 4 empresas possuem 85% desse mercado.
Fonte: Maurício Godói, Canal Energia/ FNU CUT