Empreiteira e Cemig não explicam morte de trabalhador



Empreiteira e Cemig não explicam morte de trabalhador

A Cemig continua calada sobre a morte do trabalhador da Eletrosilva Empreendimentos Gerais, Vilmar Moreira Lino, de 38 anos, desaparecido quando realizava a limpeza de faixas e a poda de árvores na zona rural de Carmo da Mata, no dia 9 de junho, e encontrado morto em uma mata fechada, quase três dias depois.

Colegas de equipe contaram que, no dia 9, por volta das 10 horas, o ajudante reclamou que não estava se sentindo bem e perguntou se podia interromper o serviço. Ele, então, foi orientado a ir para o veículo da empreiteira, enquanto a turma continuava as atividades. Segundo os trabalhadores, quando eles retornaram ao veículo, por volta de meio dia, Vilmar não estava mais no local. As buscas começaram a ser feitas pelos próprios trabalhadores, sem sucesso. O desaparecimento foi comunicado à Polícia Militar no final do dia e a procura recomeçou com a presença da Polícia e do Corpo de Bombeiros, por volta das 9 horas do dia seguinte.

Para a família de Vilmar, que trabalhava na empreiteira há apenas um mês, há muitas respostas que precisam ser dadas. O irmão, Lucimar, conta que Vilmar morava em Abaeté, cidade pequena, onde fica a sede da empresa, mas a família só foi informada do sumiço do trabalhador no dia seguinte. “Quando nós, parentes, aparecemos na região onde o trabalho estava sendo feito, descobrimos que só tinham procurado Vilmar até 100 metros do carro da empreiteira. Só quando questionamos, fizeram a busca e o corpo foi encontrado a 250 metros do local onde a Kombi estava estacionada”.

Para a família a causa da morte ainda é um mistério. No caminho de volta ao veículo, Vilmar teria que passar por uma roçada alta e, como estava se sentindo mal, pode ter caído na roçada onde ficou até morrer, mas familiares não descartam outra causa para a morte. “A única coisa certa é que houve omissão de socorro, demoraram 24 horas para avisar do sumiço, e ninguém da empreiteira ou da Cemig entrou em contato com a família depois do velório”, conta Lucimar.

“Quando soubemos do desaparecimento do Vilmar, Osmar, nosso outro irmão, estava em Abaeté e pediu amparo ao dono da Eletrosilva. Questionamos por que demoraram a nos comunicar o desaparecimento e o empresário disse que pretendia procurar um advogado antes de falar conosco. “Parece que há fala montada, pois, para dizer a verdade, ninguém precisa consultar advogado”, protesta Lucimar. Para os pais e irmãos de Vilmar, que estão inconsoláveis, a única preocupação é garantir que a Justiça seja feita. “A partir do momento que Vilmar falou que estava passando mal, por que não deram socorro? Como dizem que a busca foi feita de forma minuciosa, se o corpo foi encontrado a 250 metros do local onde estava a Kombi?”.

Sindieletro cobra apuração rigorosa

O coordenador do Sindieletro na Regional Oeste, Celso Primo, acompanha a família desde a localização do corpo e diz que falta muita informação. “Primeiro, chama a atenção a Cemig não divulgar o acidente fatal. Também intriga a demora da empreiteira em comunicar a família e o fato do corpo ser encontrado só na tarde do terceiro dia de desaparecimento, no meio da mata, em local sem nenhum acesso, ainda com a garrafa de água que os colegas pediram para ele guardar, dando sinais de que Vilmar não chegou a ir até o carro”, questiona Celso Primo.
A Eletrosilva foi procurada para dar esclarecimentos, mas não atendeu nos telefones divulgados pela empresa. A gerência de Relações Sindicais da Cemig também foi questionada sobre a omissão do acidente e se ateve a dizer que aguarda o laudo pericial. “Será que a intenção da Cemig é esconder este acidente? Isso é inadmissível e o Sindieletro vai pedir a intervenção do Ministério Público para esclarecer o mistério da morte do trabalhador e denunciar a omissão da Cemig e da empreiteira”, garante Celso Primo.

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