O Sindieletro realizou nesta segunda-feira, pela manhã, na Cemig do Anel Rodoviário, em BH, um Culto Ecumênico em memória e em saudade do eletricista Carlos Alberto Ribeiro ( Carlão), que morreu no último 21, vítima de mais um acidente fatal de trabalhador a serviço da empresa. Também foi um evento que lembrou todos os 112 eletricitários, do quatro próprio e terceirizados, mortos em atividades para a Cemig, no período de 1999 a outubro de 2013.
Amanhã, terça-feira, dia 29, o Sindicato vai realizar um debate às 18h30 em sua sede, no bairro Floresta, em Belo Horizonte, sobre saúde e segurança. O Sindieletro entende que, neste momento de tanta tristeza e comoção pela partida de mais um eletricitário, faz-se ainda mais essencial a discussão sobre as condições de trabalho e de saúde e segurança da categoria.
A rua Clomita, no número 120, onde se localiza a Cemig do Anel, foi fechada para o Culto. Conduziram o ato o Frei Gilvander Luiz Moreira e o pastor da Igreja Presbiteriana Unida, Márcio Moreira. Uma lista com os nomes dos 112 trabalhadores mortos a serviço da Cemig foi apresentada. Extensa, causou grande consternação nos presentes. Dezenas de trabalhadores fizeram questão de ler nome por nome, alguns não se seguraram, choraram.
O pastor Márcio Moreira iniciou o Culto com o poema de João Dias de Araújo, “Que estou fazendo se sou Cristão”. Um texto contundente e crítico, feito nos tempos da ditadura militar, contra as injustiças e perseguições aos pobres. Entre trechos do poema, ele enfatizou: “Há muita fome em meu país, há tanta gente que é infeliz, há criancinhas que vão morrer, há tantos velhos a padecer...Aos homens ricos vou proclamar, que a injustiça é contra Deus, e a vil miséria insulta aos céus”.
Ao dizer partes do poema, o pastor afirmou que o cristianismo exige também que “façamos protestos, que fiquemos indignados, pelos injustiçados”. Ele acrescentou que o protesto, em forma do culto ecumênico, é também um ato de saudade de todos os trabalhadores vítimas de acidentes fatais a serviço da Cemig e, ainda, um ato de esperança. “Neste momento estamos lembrando, estamos manifestando a saudade, mas também mostramos nossa luta pelos vivos, e, ainda, o nosso luto pelos mortos em acidentes de trabalho na Cemig”, enfatizou.
Frei Gilvander, da Comissão Pastoral da Terra, criticou que mais de uma centena de mortes de trabalhadores a serviço da Cemig, ao longo dos útimos 14 anos, “é um verdadeiro massacre”. E convocou os trabalhadores a se unirem para protestar, sempre, e cobrar veementemente atitude da direção da Cemig para a prevenção efetiva dos acidentes.
“Cito a bíblia: felizes aqueles que lutam pela justiça e por ela são perseguidos”. Segundo ele, a morte não tem a última palavra, a última palavra é da vida, através da ressurreição. Protestar, disse ainda, é lutar pela vida e pela justiça. De acordo com Frei Gilvander, os trabalhadores não podem se calar diante da infâmia e da injustiça. “As mortes de trabalhadores em atividade para a Cemig são infâmias, a terceirização é uma infâmia, a pressão por produtividade a todo custo, por ganância ao lucro, é também infâmia”, ressaltou.