Em 2021, os trabalhadoras e as trabalhadoras brasileiras fizeram 721 greves. Quase dois terços dessas mobilizações (65%) foram deflagradas por empregados da iniciativa privada e a maioria foi contra ataques aos direitos que começou depois do golpe de 2016, mais especificamente após a aprovação da reforma Trabalhista do ilegítimo Michel Temer (MDB), quando os patrões começaram a chegar na mesa de negociação com uma pauta extensa de retirada de direitos, reajuste salarial zero ou muito abaixo da inflação etc.
O estudo sobre as greves realizadas e por que os trabalhadores pararam é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Confira aqui a íntegra do estudo. Sgundo o Dieese, das 721 greves, quase 90% foram pela manutenção dos direitos.
- 88% das greves foram caráter defensivo, ou seja, a luta dos trabalhadores foi para manter as condições de trabalho conquistadas, que estavam sendo ameaçadas; ou para reivindicar respeito a condições mínimas de trabalho, saúde e segurança; ou contra o descumprimento de direitos estabelecidos em acordo, convenção coletiva ou legislação. Deste percentual, 51% foram deflagradas para manter as condições vigentes; e 50% contra o descumprimento de direitos.
- 32,7% das greves foram propositivas, ou seja, os trabalhadores reivindicavam pagamento de salários e férias em atraso (35%), reajuste salarial (28%) das greves; e as demandas relacionadas à alimentação (implementação, reajuste ou regularização dos vales/cesta básica), em 26%. A implementação de medidas de prevenção contra a contaminação pela Covid-19 (classificadas em condições de segurança) esteve presente em 16% das pautas dos grevistas.
- 38% foram greves de advertência, mobilizações que têm como estratégia o anúncio antecipado de seu tempo de duração.
- 60% foram greves anunciadas como movimentos por tempo indeterminado, que têm como objetivo o encerramento somente após o atendimento da pauta ou, no mínimo, a abertura de negociações.
Horas paradas e número de grevistas
De acordo com o Dieese, em 2021, a maioria das greves (56%) foi encerrada no mesmo dia de sua deflagração. Apenas 13% foram de mais de 10 dias.
Das 721 paralisações registradas, apenas 125 continham informações a respeito do número de grevistas envolvidos (o que corresponde a cerca de 17% do total). Dessas, 65% reuniram até 200 grevistas. Paralisações com mais de dois mil trabalhadores foram apenas 3% dos protestos realizados.
Formas de resolução dos conflitos
Das 721 greves registradas em 2021, apenas 297 (41%) continham informações sobre os meios adotados para a resolução dos conflitos. Na maior parte dos casos (85%), houve abertura de negociação direta ou mediada; e, em proporção considerável (42%), houve algum tipo de envolvimento do Poder Judiciário.
Das 278 greves (39% do total anual) sobre as quais foi possível obter informações sobre o desfecho, 73% conquistaram o que reivindicavam os trabalhadores.
Greves e horas paradas no serviço público
Em 2021, o SAG-DIEESE registrou 196 greves nos três níveis administrativos do serviço público (municipal, estadual e federal). Juntas, contabilizaram mais de 11 mil horas paradas.
Os servidores municipais deflagraram dois terços dessas paralisações (66%) e foram responsáveis por 71% total das horas paradas.
Em 2021, mais da metade das greves (58%) realizadas pelos servidores públicos encerraram-se no mesmo dia em que foram deflagradas. Em sentido inverso, 16% alongaram-se por mais de 10 dia.
Tática das greves
Quase dois terços (62%) das paralisações dos servidores públicos foram mobilizações de advertência.
O panorama da greve do Dieese analisa dados do Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG-DIEESE), que reúne informações sobre as paralisações realizadas pelos trabalhadores brasileiros desde 1978 e conta, atualmente, com mais de 40 mil registros
As informações do SAG-DIEESE são obtidas por meio de notícias veiculadas em jornais impressos e eletrônicos da grande mídia e da imprensa sindical.
Fonte: CUT